sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Abacate e Manga


Tem coisas que sei que não pode.

Sei que não é permitido.

O que é certo e errado e o que não é nenhum dos dois.

Sei o que não é e deixa de ser.

Deixa de ser. Seixas era assim.

O que não é possível não se combate.

Abate.

Abacate e manga não dá certo.

Luto a cada dia para ser melhor

Melhorado fico e tento mudar o mundo.

Às vezes só.

Muitas das vezes. Quase todas

Mas a verdade nua e crua

Tem vergonha de aparecer.

Um novo dia para uma nova construção

Assim é o despertar de um novo dia

Soa cafona Sanfona toca

E eu decidi mudar pra valer

Em tudo

Sobre tudo que é possível

Impossível será ser outro.


Outro melhor serei de certo.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

O RIO DE JANEIRO CONTINUA LINDO








Sabe, eu fiz uma viagem...

E durou pouco.

Pouco menos do muito que faltava à conhecer.

Ou Re-conhecer.

Tive aproximações que nunca pensei em haver

E bom saber que alguns amores de outrora, já são desamores.

Tive sensações, risadas, e encontros deliciosos.

Tive fome e medo. Muito medo. (Ter Pânico não é fácil.)

Tive vontade de andar, andar e pela primeira vez na minha vida não quis voltar pra casa.

Dessa viagem, eu descobri.

Não descobri o Brasil. Mas redescobri o que há de Brasil em mim.



Dedico para Raquel Fidalgo, Maria Cecília Brandão, Cíntia Peixoto e Sueli.

sábado, 1 de novembro de 2008

O Homem falou



pode chegar que a festa vai é começar agora

é pra chegar quem quiser,

deixe a tristeza pra lá

e traga o seu coração, sua presença de irmão

nós precisamos de você nesse cordão

pode chegar que a casa é grande e é toda nossa

vamos limpar o salão, para um desfile melhor vamos cuidar da harmonia, da nossa evolução

da unidade vai nascer a nova idade

da unidade vai nascer a novidade
e é pra chegar sabendo que a gente tem o sol na mão

e o brilho das pessoas é bem maior

irá iluminar nossas manhãs vamos levar o samba com união

no pique de uma escola campeã

não vamos deixar ninguém atrapalhar a nossa passagem

não vamos deixar ninguém chegar com sacanagem

vambora que a hora é essa e vamos ganhar

não vamos deixar uns e outros melar
eô eô eá, que a festa vai apenas começar

eô eô eá, não vamos deixar ninguém dispersar

domingo, 19 de outubro de 2008

A quebra.


Às vezes é preciso largar o que se tem.
Saber das coisas de antemão
Saber dizer que não, que não pode suportar
O peso,
O desprezo
A dor.
É preciso sentar ao lado e dizer::: Olha, não dá!
Mesmo que a gente ame, seja amigo, amor ou parente distante
Não fique esperando mudança.
Eu queria mesmo,
Sinceramente um apelo
Que não houvesse uma quebra
Mas não há saída
Não há ventos sobrando e dizendo o que fazer
Sei que a única maneira é largar o peso.
Deixar a mochila de trapos sujos e cansados
E partir adiante.
Quando há um motivo maior, isso deve ser respeitado
Dito e repensado
Milhões, e milhões de vezes
Mas cautela!
Muita parcimônia
Que seja!
Mas eu rezo,
Rezo, mas agora o vaso quebrou
E não há conserto.
Não, não há, não tem cola nem remendo.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

5 contra 1




Queria ser um superherói
Não deu certo!
Não deu certo ter o amor que eu quis
Os que inventei
Os que inventei, foram casos.
Casos errôneos e mal passados
Passados esses errôneos casos
Não me casarei portanto.
Queria ser um astro.
Não consigo estrelar sequer minha vida
Sigo coadjuvantemente na trilha da minha fama
Não como, isso... não como ninguém...
Não, não faça pouco caso.
É, não caso.
Queria ser rei,
Mas não herdei coroa,
Também os que encontro na rua
São rainhas loucas, casos.
Queria castigar e ter poder
Me ferro. De castigo penso,
No poder de ficar calado, querido e amado
Virtualmente, safado.
No poder da vontade,
Super- herói
Com heroísmo levanto e vivo.
Não caso, não reino, não salvo,
Não estrelo.
Mão. Mãos pra que te quero.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

UM ARAUTO


Seja bravo, e não diga apenas que ama. Ame-o. Ame-a.

Da maneira que quiser e entender, mas ame. Bravamente. Com Bravura sinta-se honrado e pleno. Com Bravura encare seus medos e receios. Encare com Bravura cada uma das suas diferenças. Hoje não tenho amor dedicado. Não tenho aquele amor do matrimônio. Amo os que amo. Mas não é de amizade, ou de família que falo. Falo falicamente do amor.

Não sei se amarei alguém tão cedo, mas tarde da noite revelo a esperança de poder amar novamente.

Uma saudação aos amantes!

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Ego - ísmo



Ego é o centro da consciência inferior, diferente do Eu que é centro superior da consciência. O Ego é a soma total dos pensamentos, idéias, sentimentos, lembranças e percepções sensoriais. É a parte mais superficial do indivíduo, a qual, modificada e tornada consciente, tem por funções a comprovação da realidade e a aceitação, mediante seleção e controle, de parte dos desejos e exigências procedentes dos impulsos que emanam do indivíduo. Obedece ao princípio da realidade, ou seja, à necessidade de encontrar objetos que possam satisfazer ao id sem transgredir as exigências do superego. Quando o ego se submete ao id, torna-se imoral e destrutivo; ao se submeter ao superego, enlouquece de desespero, pois viverá numa insatisfação insuportável; se não se submeter ao mundo, será destruído por ele. Para Jung, o Ego é um complexo; o “complexo do ego”. Diz ele, sobre o Ego: “É um dado complexo formado primeiramente por uma percepção geral de nosso corpo e existência e, a seguir, pelos registros de nossa memória. (wikipedia)

Estou às vezes divagando pelos quatro cantos acerca deste assunto de alta periculosidade. Instituo agora uma prisão, um presídio de segurança máxima, lá prenderei os egoísmos sob pena de morte. Um corredor, que leve a uma injeção letal para que o egoísmo morra rápido. Não precisa de dor. Eu insisto para que você mate o seu, elimine-o.

Em qualquer lugar, em qualquer roda social, acredito que surjam desavenças por conta dos egoísmos. Em arte, geralmente falamos em EGO.

E por isso no meu meio tenho visto, por demais, EGOs incríveis e indivíduos cometendo estrelismos fora de seus padrões.

Acredito numa força maior da arte, que ela é feita por indivíduos que possuam características para seu feito. O contemplador deve olhar para a obra, seja ela de qual for o gênero, e ver por detrás do suporte que há alguém fascinante ali, que os artistas estão nesse patamar etéreo, que são símbolos do novo, do autêntico e do vívido. Que são pessoas que têm suas neuroses e normalidades, mas são seres de inestimáveis curiosidades, com reflexões acima do senso comum. São questionadores e metafísicos. Chapados, putas e viados. Que a arte pondera entre o ser louco e o ser humano.

Acredito em uma guerra da arte , contra a arte. Acredito que os artistas hoje, são caretas, como diz Gerald Thomas, e são às vezes, menos interessantes que a platéia. Acredito que a globalização, o achatamento da vanguarda, a reinvenção constante da tecnologia, e outros milhões de fatores, reproduziram seres em série, o que planificou o pensamento. Mas eu não me rendo! Ponho meu ego na minha prisão particular, entendo que tudo não passa de uma vontade egressa que evade meu peito e vai para o palco, como orientador e motivador, que segue firme na tentativa de consolidar uma instituição de seres que discutem coisas ímpares, que vivem extremos deliciosos, que sabem aproveitar as minúcias das situações, corriqueiras ou não. Sigo de cabeça erguida, orando a Dionísio, Baco, Turma da Mônica, o que for... Para que me dê paciência, e não força, senão mato um!

Pedido: Larguem seus egos e deixem de ser chatos.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

ODEIO O MEIO - FRAGMENTO




Odeio o meio! O que o meio tem a ver com isso? Porque tudo tem um meio! Até a menor unidade de qualquer coisa pode ser dividida ao meio! Quer me pegar? O átomo! Claro, não pode ser dividido ao meio, mas no meio do átomo estão os prótons e neutrôns! Que causaram o estudo da quântica! O meio é a parte chata, é a parte agonizante, a parte sufocante, conflitante! O meio sempre é a pior parte. Pensem! Reflitam! O meio do corpo humano, é a parte que nos remete a perder a razão, sentir tesão e cometer sérios abusos à nossa religião! O meio é podre! O meio da terceira ponte ou da Rio Niterói! É a parte mais alta, mais perigosa, a parte mais usada para suicídios, homicídio de si próprio!
O meio é sempre a parte invadida, intrometida, encarecida de carinhos, precisada de curativos. O meio é a ferida da nossa fraqueza é o alvo da nossa presa.... não gosto nem de pensar! O meio é.... odiado! O meio necessita de mordidas , lambidas... Ah, e as mordidas servem pra que? Pra deixar o nosso meio louco, transtornado, nosso sêmen multiplicado e ejaculado. Odeio a mordida, que é subitamente repelida, jogada fora com muito ódio e repúdio. Mordida dói, machuca, usa os dentes que marca, demarca território. Odeio a mordida na nuca, na barriga, ai, na coxa. Pára, mordida! Vou gozar! Meu corpo odiado não vai agüentar, esse seu calor odiado com fervor, com saliva ardente no meio da minha parte dormente! Pare! Se não eu te mordo!

BLOG TEATRO CAPIXABA


No Blog Teatro Capixaba, há informações e notícias do cenário artístico e teatral do Espírito Santo.


Preparei a nova arte do blog do meu amigo e colega de elenco André Luz.


http:\\teatrocapixaba.blogspot.com

sábado, 6 de setembro de 2008

Tá, bom.


De certo só posso respirar e ver...
Ver as coisas darem certo
E torcer pra que tudo conspire ao meu favor.
Posso respirar e sorrir aliviado quando nada dá errado
Em uma semana turbulenta e imprecisa.
Olho pra todos os lados e me angustio quando vejo que não tropeço, não sou xingado ou assaltado.
É estranho olhar pra cima e ver que nada caiu ainda em minha cabeça.
De certo, respiro e volto a caminhar transeuntemente (sic) olhando para as pessoas
Aguardando um olhar maldoso, malvado ou de um cara mau.
Já que está tudo tão bom,
Procuro cantadas, leves sorrisos ou perdições.
É, a vida não está tão benevolente!
Volto do ponto de partida, ouço, ou leio, uma mentira:
A minha.
Nada é tão bom quanto parecia.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

VERDADE


Não precisa dizer nada.
Não precisa dizer que gosta, que ama.
Não me venha com presentes, dentes brancos em sorrisos refrescantes.
Não precisa ser o que não é, o que vai ser.
Seja apenas a verdade. Faça gestos reais.
Admita todos seus erros e pecados.
Seja honesto.
Nenhuma palavra de qualquer mudará
Não precisa dizer nada, nada!
Seja você, não invente.
Não conte bobagens, mentiras descabidas
Não tente mudar o tempo, o certo.
Esteja dentro.
Não precisa fingir que gosta.
Fala na cara o que quer.
Se é o rápido, ou mal me quer
Não tem problema
Eu aceito.
Não precisa iludir
Sou perspicaz.
Preciso apenas de uma coisa real, de 20 a 180 minutos.
Pra que mais?
Isso, porque não namorar apenas por duas horas?
Ser casado por um dia.
Que bobagem!
Seja certeiro. Isso! Seja você, não invente.
Não precisa, não se engane.
Não se comprometa além do que deva.
Não se obrigue, jamais.
Não se omita - se permita ao novo.
Não minta para si.
Reflita.
Seja você com o outro.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

HOJE NÃO TEM POEMA




Hoje não tem poema...
Porque não tem poeta,


não quero rimar
hoje não tem ninguém feliz


e não tenho que deixar ninguém assim


não tem poema, porque não tem flor


não tem amor


dor.
nem sequer , tem rima pro poema


não tem poetisa, não tem poeteira


hoje não tem punheta


não tem gozo


não tem trepada,


nem tem rima pro poema


não tem choro


nem vela.


não tem!


hoje não tem guerra de paz
hoje não tem belas


não tem berros,
não tem cedros caindo do céu


Hoje não é um dia


hoje não tem


hoje não tem poema


hoje não tem Poeta


não tem poema.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

INFERNO PARADOXO


Vamos fazer um acordo?
Certo. Vamos fazer isso, para evitar que eu peque.
Os cristãos ficam agradecidos.
De certo.
Então,
não me olhe desse jeito.
Ah, e não use aquela bermuda jeans cafona...
Que te deixa tão sexy...
Não sorria com o canto esquerdo com a boca...
Pelo amor de deus, não esqueça:
Não passe a língua nos lábios.
Não! Não coloque as mãos atrás da cabeça...

Você sabe que isso me angustia.

Muito menos tire a camisa suada na minha frente.
Evite ser tão generoso e fiel.
Evite falar manso quando estou cuspindo fogo.
Não quero pecar.
Não escute minhas lamentações de bom grado.
Olha, não, olha do outro jeito, isso desse mesmo!
Assim fica mais fácil.
Aliás, é bom deixar claro que quero que pare agora
De fazer o que eu mando ou peço;
Ah, e também aumente o preço das minhas vontades.
Não se preocupe tanto comigo
E faça o que te der na telha também
Manda-me calar a boca de vez em quando...
Preciso rezar, para parar de pecar.
Peço, mas você não ajuda;
Você não me deixa ser mais santo.
Então está fechado?
Não vai esbravejar?
Por que não?
Pensei que não ia aceitar,
Quer dizer que aceita sem brigar?
Já vai cumprir todo o acordo assim, de imediato?
Ah, prefiro ser um pecador.
Vem cá, quero é queimar
Todinho no inferno.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

- FÉDON -


Gosto deste trecho:




O MITO DO DESTINO DAS ALMAS

LVII – Porém devemos senhores, considerar também o seguinte: se a alma for imortal, exigirá cuidados de nossa parte não apenas nesta porção do tempo que denominamos vida, senão o tempo todo em universal, parecendo que se expõe a um grande perigo quem não atender esse aspecto da questão. Pois se a morte fosse o fim de tudo, que imensa vantagem não seria para os desonestos, com a morte livrarem-se do corpo e da ruindade muito própria juntamente com a alma? Agora, porém, que se nos revelou imortal, não resta à alma outra possibilidade, se não for tornar-se, quanto possível, melhor e mais sensata. Ao chegar ao Hades, nada mais leva consigo a não ser a instrução e a educação, justamente, ao que se diz, o que mais favorece ou prejudica o morto desde o início de sua viagem para lá. O que contam é o seguinte: ou morrer alguém, o demônio que em vida lhe tocou por sorte se encarrega de levá-lo a um lugar em que se reúnem os mortos para serem julgados e de onde são conduzidos para o Hades com guias incumbidos de indicar-lhes o caminho. Depois de terem o destino merecido e de lá permanecerem o tempo indispensável, outro guia os traz de volta, após numerosos e longos períodos de tempo. Esse caminho não é o que diz Télefo, de Ésquilo, ao afirmar que o caminho do Hades é simples; a meu ver nem é simples nem único. Se fosse o caso, seria dispensável guia, pois ninguém se perde onde a estrada é uma só. O que parece é que ele é cheio de voltas e bifurcações. Digo isso com base nos ritos sagrados e cerimônias aqui em uso. De qualquer forma, a alma prudente e moderada acompanha seu guia, perfeitamente consciente do que se passa com ela; mas,
como disse há pouco, a que se agarra avidamente ao corpo esvoaça durante muito tempo
em torno dele e do mundo visível, e depois de grande relutância e de sofrimentos sem conta, é por fim arrastada dali, à força e com dificuldade pelo demônio incumbido de conduzi-la. Uma vez alcançado o lugar em que se encontram, outras almas, a que se acha impura pela prática do mal, de homicídios injustos ou de crimes semelhantes, irmãos daqueles e iguais aos que soem praticar almas irmãs, de umas alma como essa todas se afastam, evitam-na, não havendo guia nem companheiro de jornada que com ela se associe. Tomada de grande perplexidade, vagueia por todos os lugares até escoar-se certo tempo, depois do que a arrasta a Necessidade para a moradia que lhe foi determinada. A que atravessou a vida com pureza e moderação e alcançou deuses por guias e companheiros de jornada, obtém moradia apropriada.

quinta-feira, 31 de julho de 2008

(RI)




As ações dos braços das pernas, do sexo... O suor... (ri) O suor...


É ele quem vai ditar o curso da regra... da meta.


Não! Não pare! Continue a desenhar!
Toda vez que ele seguia e dizia continuar, eu ouvia e não queria parar...

sábado, 12 de julho de 2008

LUXURIOSE AGUDA


É vermelho.
Grená, da cor que quiser. “PinK” pode ser
Não interessa.
Carnal, digestivo, não, é químico!
Tóxico, embriagado.
Louco, desorientado, certinho e maculado.
Me joga, isso!
Me pega!
Me lambe, me suga,
Me divide, tortura.
Faz bobagens, brincadeiras.
Nojeiras, me envergonha com prazer.
Sorri enquanto me olha,
Faz careta, me bate.
De qualquer modo, jeito.
Mas tem que ser vermelho.
Finge que está apaixonado, não tem problema.
Pode ser agora, ali ou depois.
Pode ser num beco, num banheiro,
Corredores, com câmera, com vigília...
Eu gargalho.
Ponho a boca, me derramo,
Caio, recosto, subo, atropelo,
Rebolo. Empino escorrego.
Não precisa ir às vias de fato.
Mas que seja factual.
Elegante e honesto. Isso, honesto.
Seja Digno. Atlético.
Rude, forte, musculoso.
Delicado, mocinha ou rebelde.
Certeiro, decidido
Selvagem. Tranqüilo.
Ai, isso. Morde!
Não tem escolha.
Que seja vermelho.
Tritura meu gozo, me trepida
me balança, com certeza.
Esconde, me entrega, me revela.
Que seja de um todo vermelho.
Me arrasta , me puxa,
masturba a noite inteira.
Ah, aí, isso! Isso!
Seja mais do que pode ser, se esforce.
Não canse, respira, ofegante.
Sua, cospe, imagina, mostre.
Arranca a sua roupa, agora.
Não é pecado. Não é loucura,
Me pendura
To sofrendo de Luxuriose Aguda!

quinta-feira, 10 de julho de 2008

LAMBE - LAMBE


vara credo

lambe

click

lambe-lambe tirou a foto

abelhuda vizinha

vara

va a madrugada

credo, que delícia

vara nda

cre
tino,

do
minatrix

lam

buzando

be
bida

enquanto me lambia, - uma delícia

chamei a vizinha para participar

parou de fotografar,

da varanda

se escondendo disse: credo!

CONTENTO



Não adianta - não me contento.
Não há a contento vontade de contentamento.
Fico olhando para o lado e juro, não é inveja
Vejo como conseguem e fico pensando
Serei eu intolerável?
Chato? Sarnento. Sei que não fedo.
Porém, apesar dos perfumes e odores
Não há contentamento, pois não há deleite
Muito embora eu atribua minha felicidade a outros pormenores.
Mas a solidão me angustia
Me coloca em xeque!
A voga é: o que fazer então?
Mandingas e juramentos não adiantaram.
Fé no outro? Desconfio de qualquer coisa que se mexa.
Não pode ser assim? Sei que não.
Mas de tudo que já aconteceu...

Mas vamos mudar, chegou a hora.
Sairei à procura do desencantamento.
Sairei ao meu contento do meu casulo contente
E buscarei algo sorridente capaz de se comprometer.
Sei lá. Sair por aí - andar.
Sem me apegar as predileções pragmáticas.
Fugir do paradigma.
Sem procurar um igual, sem procurar um futuro.
Mas procurar um presente,
Que não precisa vir numa caixa,
Não precisa ter embrulho, ser expresso ou vir em carro.
Não precisa vir com manual. Nada!
Ele só precisa
estar a contento.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

QUEM TEM RAZÃO ?


Quem tem? Você? Eu? Nós? A ONU? Os Direitos Humanos? Aproveitei a pergunta insólita de uma comunidade do programa de relacionamentos em rede, o orkut. Neste site a pergunta gira em torno das funções e obrigações do Diretor e Produtor de uma montagem teatral. Aqui neste espaço em que posso ter eu mesmo a autoridade eu expresso levantamento mais aprofundado e expansivo da questão! Ambíguo? Sim, bastante.

Discutir a razão de algo no meio artístico é algo sempre na moda. E na moda também temos discussões relacionadas a dislexia das respostas exatas: razão.

Penso muito acerca do que pensam atores, diretores, produtores e outros funcionais da caixa preta. Quem tem razão? É uma briga constante e madura. Artistas o tempo todo lidam com certezas de suas proponências(sic). É engraçado como o artista checa suas prioridades e as leva até últimas conseqüências. Todavia, acredito que na arte contemporânea e no Teatro propriamente dito, a razão é algo muito definido por quem lidera o processo criativo. E não é uma questão autoritária. Dentro do processo criativo de qualquer área com subordinados ou não, o criativo possui a rédea. Me desculpem os pensantes do planeta, muito embora eu ache que tem muita gente que esconde sua capacidade criativa, acredito que muitos não possuem algum gene propulsor da criação e que isso acaba por ficar fadado à alguns muitos seres humanos sofredores, talvez por possuírem tanto poder para manipular os conceitos estéticos disponíveis pela História da Arte.

No cubismo, Picasso elevou ao máximo o que fora uma invenção de George Braque. E que assim seja, ou não. Ora, se existe um Diretor de um trabalho e ele é quem toma as decisões, que ele seja respeitado. Se avaliarmos a questão mercadológica, quem tiver o dinheiro manda, assim a vencedora da copa de 98 foi a Nike, a Deusa da Vitória? Ou Zagallo e sua equipe apenas fracassaram?

Ainda acredito no poder do coletivo, mas haverá de ter um cálculo preciso do orientador do trabalho, para que as coisas não fujam do controle possível. E mais outras variantes: um processo criativo deve sofrer interferências de que nível? E até que momento? A realização de um trabalho com discurso poético, ainda depende de quem tem o dinheiro? Se assim for mandaria o mecenas procurar a mãe e eu tentaria dar conta do recado, quero dizer, do mercado.

É uma questão muito complicada essa. Pois os atores querem ter uma supra-razão, pois são os que dão vida. O produtor é quem dá o subsídio. Os técnicos dão o piso e o teto. O Diretor: o correto, o plástico, o esgotamento das possibilidades. Não seria um conjunto, em que cada um se respeita e que faz o seu como seu cada qual?Utopia? Farto de teorias estou. Não existe uma fórmula para razão. Não existe sequer uma única razão. Um objeto de arte seja de qual for o gênero, possui variadas razões. Variadas maneiras em que o criativo define conforme sua revelia. Ou sua grande e inexorável idéia.

Certo. Aonde quero chegar? Quero chegar no ponto da paixão. Quero ver apaixonados, mas não doentes de amor. Quero ver artistas lutando pela boa execução do seu trabalho, seja ele qual for. Cada profissional deve saber o que deve ser feito, deve saber de sua importância artística e funcional. Deve saber sua história, deve ter parâmetros consensuais, deve ter ética, deve ter fomento, garra e ternura com seu trabalho. O ator e o resto devem conceber o limiar da forma que dele é gerado pelo criativo. O ator é criativo? Absolutamente. Mas quem lhe dá o dispositivo? Quem o insere no contexto? Quem o define para que ele possa criar? Se o ator, ou o técnico não dispuserem de um caminho no que daria uma montagem qualquer sem saber por onde andar?

Concluo com mais perguntas do que respostas. Não sou o senhor da razão. Acredito que ninguém e todos têm razão. Acredito que razão ninguém precisa ter, todos devem ter sabedoria e inteligência. Acredito que o melhor possa ser feito. Acredito em cessão e adesão. Em imposição. Acredito na discussão, e na indisposição. No contrário. Acredito no retardado obscuro e no vanguardista burro. Acredito na poesia escatológica formada por um único e no melodrama desenvolvido por todos. Só não acredito mais em coisa pecadora e pecável tecnicamente. Não acredito em inverdades e inabilidades. Não acredito em sonhadores que querem chegar ao tubo projetor. Não acredito em sonhos. Acredito que num navio é preciso comandante.

segunda-feira, 30 de junho de 2008

DESABAFO - (2)


Preciso desabafar,
Mesmo.
Eu sinto muita falta de um tempo.
Em que meus problemas eram menores.
Em que eu não precisava provar nada a ninguém.
Sinto falta do tempo
Do tempo que pessoas não me tratavam de vil maneira.
Estou cansado.
Estou tentando fazer o melhor.
Estou mesmo.
Mas parece que isso não é levado em consideração.
Minha mágoa cresce e nada muda.
Não muda, porque eu não sei o que passa na cabeça do outro.
Não sei o que quer.
Só sei que estou tentando fazer e dar o meu melhor.
No meio da multidão sou apenas um dos perfeccionistas
tentando fazer a diferença.
Mas isso não importa não é?
É mais fácil fechar a cara, mudar o comportamento,
Ignorar a realidade.
E para que? Não entendo.
Se não quer que caminhemos juntos vá a frente. Siga!
Siga, pois nossos anseios divergem.
Não sei se é ego, não sei se é vaidade, ou maldade.
Só sei que não agüento.
Não tenho força.
Nenhuma.
Por favor, pára.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

VOCÊS ACHAM QUE A ARTE "ESTÃO" MORRENDO?


* Hoje, pela madrugada... Encontrei uma comunidade do orkut com a pergunta deste título... O fórum público com o tal gritante desvio da nossa língua obteve a minha resposta... Gravemente eloquente e verborrágico... Respondi assim:


> Desculpa; mas essa pergunta para essa comunidade soa estranha. É paradoxal.

De tanta coisa que foi falada...

Arte morrer? Visão romântica demais. Moderna (no sentido do pensamento filosófico) demais. Arte não é substituída por nada. Utilizam da Arte para outros segmentos, como Tv, internet etc. Arte não é substituível porque é impossível.

A arte ainda continuará arte enquanto houver o artista e o contemplador.

E o contemplador ainda não acabou. E provavelmente dentre os milhões que nascem num dia deve haver aqueles que freqüentarão boas escolas, que nascerão filhos de "hippies" que por fim (se Dionísio quiser) gostarão de apreciar arte. E de qualquer que seja a linguagem.

Não temos que discutir se arte morre e como morre. Temos que discutir o que fazemos ou faremos para que a arte de cada um não morra, e como faremos para que o público, mesmo sem educação prévia, consuma arte. E arte também está dentro do sistema, gente, é consumo. Porque nós precisamos comer, alguém aqui vive somente de "arte"? Sem cachês, sem pagar aluguel, sem comprar comida?

Arte não é um sonho bom somente. Arte é trabalho. Talvez uma melhor pergunta seria: O que você faz para fazer arte? Ou como faz?

É bem verdade que trabalhamos com e pela subsistência. Entretanto o motivo disso é claro. O histórico, acredito, que já sabemos. E reverter a situação? Como, artistas podem fazer isso? Arte é um termo muito complexo. E uma ciência de extremos. Mas não sejamos tão sonhadores. A arte é inesgotável, pois se reinventa a partir das possibilidades de seu tempo vigente. Assim foi e sempre será, creio. A arte está ligada diretamente ao poder, magia e informação. Por isso está na publicidade, na tv, no rádio, na arquitetura, na indústria etc. Certo que muitas vezes distorcida, mas arte está em praticamente tudo(“Bauhauss”). Acho que a verborragia representa minha indignação com essa pergunta direcionada a artistas, que escolheram uma profissão e esperam campo e espaço para seu trabalho. É óbvio, que se fazemos arte, e se ainda não morremos, ela ainda não morreu. E se fazemos é porque alguém nos assiste. Alguém paga o nosso ingresso. Então a Arte vive, Capenga, sem dente, entrevada, velha e cega, mas está viva. Mas alguém recorda na história, um tempo em que a Arte não estivesse a beira da morte? Apenas em seu nascimento.

Houve um indivíduo que acredita que a arte morreu, mas ele tem certeza? A revista, o jornal que ele lê, contém arte em linhas, fotografias, imagens, enfim. Usadas para um ofício, mas existe. Entretenimento não é arte? Então não são artistas os que trabalham no circo? O circo sempre foi entretenimento e sempre foi uma das artes.

Lembrando que a arte teve origem (histórica) de uma cultura, que gerou todas as outras do ocidente. E do paganismo e cultura grega tudo foi adaptado de acordo com cada uma das culturas ocidentais. E no oriente, onde diverge absolutamente, da nossa cultura, o que falar do Nô e do Kabuck? Ou do Teatro Oriental, que é riquíssimo e ao contrário do ocidente não vive nenhuma crise. Acredito que o problema não precisa ser mais discutido, o problema necessita de resolução. A crise na arte ocidental é fruto de inúmeros fatores, que levarão a uma reestruturação, natural ou forçada, pra que pergunta como essa apareça apenas daqui a cem anos, como quando perguntavam a mesma coisa e colocaram o bidê de Duchamp na Galeria.

terça-feira, 10 de junho de 2008

DIA RUIM


Porque você não pega as suas coisas e vai embora? Mas leva tudo. Pra eu não correr o risco de me lembrar. Havia chance.
Eu não preciso que me incomodem mais. Se você é um problema vá, porque já tenho os que me ocupam.
Vá agora e senta lá.
Vai buscar o que é teu. Tua vida ordinária e robusta.
Não quero seus papéis de carta.
Não quero sua lábia evasiva.
Não quero seus sumiços constantes
A dúvida dilacerante de estar ou não com você.
Quero dizer neste arauto
Que eu não quero. Cansei de procurar ver a beleza nas coisas.
Cansei de sorrir pra um bebê com cara de joelho.
De comer coisas terríveis e dizer ter adorado
Cansei de ouvir vozes e não reclamar
Não quero em hipótese alguma ter que falssear minhas condições e presságios.
Quero com amargura dizer que cansei de você, do resto e de todos.
Quero dizer a alguns que não os suporto mais.
É sério.
Quero dizer que meu corpo apresenta fadiga. Cansaço extremo.
To cansado de mentirosos e manipuladores
De vendedores ambulantes
De falsidade sistêmica
Quero dizer aqui e onde eu puder
Que não quero mais isso.
Não quero mais essa gosma
Essa meleca (sic). Se for pra morrer só que seja
Que seja também sem o seu pressupor.
Quero que você vá pro inferno
De todas as formas e se coloque no recanto quente da maneira que melhor for
Não amo. Não odeio. Não quero.
Ai meu Deus. Como eu estou cansado.
E do material humano. Dessa massa louca.
Desse ambiente maligno que se forma a partir de dois corpos.
Estou incomodado. Porque as pessoas estão se matando por bobagens.
Casais querem o poder, absoluto de um ou do outro.
Quero dizer aqui neste arauto
Que meu saco trasborda.
E não é de gozo. Não é esperma. Ah não.
É raiva. E raiva do ser humano.

terça-feira, 13 de maio de 2008

HOJE NOSSO AMOR TEM PLUMAS E PAETÊS


Hoje nosso amor é diferente
É assim... cor de brilho...
Não ria.
Ele é assim.
Ele parece glitter voando.
É um amor esquisito. Novo.
Mas que já estava formigando há tempos.
É um amor ousado, de impacto
Feito a quatro mãos.
É um amor perfeito
Me ponho a pensar
Num telefonema
E tudo resolver
Mas nosso amor é assim
Cheio de estranhices
É um amor redondo
Cheio
Tem aplausos
É um amor engraçado.
Não ria.
Ele tem trilha sonora.
Tem estudo. Pesquisa.
Nosso amor é único
Irreprodutível
É híbrido.
Não, pare de debochar.
Certo, é um amor cômico.
De certa forma vulgar
Promíscuo
Amor rebelde.
Gosto de pensar nisso. Mas por favor, é sério.
Há temor
Há desconfiança
há tudo. Nosso amor é arte
E hoje esse amor tem plumas e paetês
Tem cores. Boulevard, 83.
É mais que apenas em preto e branco.

Hoje uma das melhores notícias da minha vida me chegaram. E esta notícia dedico a Luana Eva.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

UMA BELA LEMBRANÇA, APENAS


Hoje olho
Olho pra uma foto
Sem importância.
Dou um leve sorriso...
Puxado pra esquerda sabe?
Ah, uma brisa fria vem
E eu não quero
Não preciso
Me agasalhar.
Tua presença já o faria.
Lembro daquele tempo.
De apenas um dia
Não sei quanto tempo foi
Não me lembro...
Mas eu lembro que foi mágico
Perfeito
Foi extasiante
Sem jeito
Efusivo, brilhante...
Foi.
Lembro que pude te tocar
E o pouco tempo
Foi capaz de eternizar uma grande marca.
Tatuada em minha alma...
Que me faz
Sempre
Sempre
Ter uma bela lembrança.
Uma bela lembrança, apenas.

De todos os minutos da minha vida, os que passei com você foram os mais importantes.
Agradeço por ter me cedido alguns dos seus.


Para D.B.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

ESPERA


Me apresento hoje, com uma dificuldade incrível para escrever meu trabalho de graduação. Além de também não conseguir há três dias exercer meu trabalho como autor, ou seja, não consigo escrever...

Mas, por que isso se dá? Porque estou ansioso. Muito. Nunca estive tanto. De toda a idéia furtiva e incandescente que tenho, me ponho em brasa e não consigo me deitar nas palavras. Está tudo fugindo.

O texto anterior tem bem haver com isso tudo. Essa loucura de termos que estar a espera.

Estou esperando a mais de um ano e você não chega...
Fico olhando pela janela...
De guarita
Fico a olhar pro telefone
Você não aparece.
Nem um sinal.
Disseram-me que chega dia 13 de Maio.
Será?
Chega logo.
Preciso de você.
Vamos fazer juntos o melhor que pudermos.
Eu sou o cérebro e você é a força, lembra?
Mas você ignora meus pedidos
Insistente eu te chamo em todas as orações
Rezas.
Entendo o que quer...
A magia da espera aumenta o brilho
Da presença
A morte da Saudade é mais saborosa.
Mas você sabe que não tenho saudade de você...
Tudo foi tão raro
Distante
Por favor,
Chega!
Chega logo aqui.
Pelo menos me liga, e me dê a certeza.
Liga, fala alguma coisa.
Pelo amor de Deus.
Eu sei da onde vêm,
Sei aonde está...
Só quero saber quando
Quando vai chegar...

terça-feira, 29 de abril de 2008

ESPERANÇA


Ela está bem à frente.
Ali.
Não tem parentes, não tem mãe nem pai.
Às vezes é verde.
É tão complicada.
Dizem, que é a última a morrer.
Esperança. Não sei se ela é a última que morre.
Mas sei que eu deveria acreditar nela.
Mas acho que às vezes ela atrapalha muito.
E na maioria do tempo ela interrompe a minha vida como um ciclone
E faz tudo parecer tão fácil.
Mas ela deve entender que as coisas não são.
Poxa, Esperança, não faça mais isso.
Ela fica esperando a gente cair pra aparecer.
Quando estamos perturbados e confusos, ela chega
Toda-toda...
Achando que tudo pode resolver.
Mas Esperança não sabe?
Pepê, você não resolve nada. Você não faz nada.
Você é um subterfúgio de sua superior, a Fé.
E da fé ninguém pode correr. Mas de você eu tento.
Porque você me trai.
Porque você só vem pra me fazer melhorar e depois some.
Trazendo seus amiguinhos chatos, a angústia, a dor...
Esperança. Chega! Não quero mais ver você.
Não quero mais sentir seu cheiro, ouvir tua voz.
Não quero dormir e acordar com você.
Pára! Esperança! Some!
Nosso caso acabou...
Não quero mais ver a sua cara.
Você é insistente demais, você está me fazendo mal.
Ah, Esperança...Já que você é a última a morrer...
Pronto. EU MATO!

quarta-feira, 23 de abril de 2008

VONTADE DE CHORAR


Hoje estou com aquela vontade de chorar! Sabe aquela vontade?
E é uma vontade vazia. Cheia de confusões. Estou me sentindo impotente,
sem forças. E sem forças queria mandar o confeiteiro tomar no rabo. Mas ele iria gostar!
Queria parar de escrever, mas não iria aguentar.
Queria escrever mais. E melhor!
Queria compor uma odisséia musical... Não saberia fazer.
Estou triste não sei por que.
Estou sem grana. Estou sem rumo. Eu estou numa falência múltipla.
Num processo de auto-mutilação imaginativa.
Estou decapitando minhas idéias, dilacerando meus palpites. Uma sinuca de bico.
Estou no meio de um vermelho intenso. De um verde neurótico, em um amarelo sem precedentes. Que vontade de espirrar...
Ah, tenho alergia a tinta.

Queria poder fazer e fazer...
Fazer e Fazer muitas coisas.

E queria poder eliminar o que não está certo.
Eliminar quem não quer fazê-lo.
Hoje é aquele típico dia que eu deveria dizer: Basta! Suma daqui.
Não quero zelar minha inoperância.
Quero poder ser valente, cristão. Quero ser sexualmente disponível.
Quero não ter caráter, quero deslealdade, desonestidade...
Decidi, não quero ser eu.
Eu quero ouvir os pássaros e não odiá-los,
quero dizer a quem não gosto que eu não gosto.
Quero dar fora e não me importar em magoar.
Quero não me importar quando me dão fora.
Quero receber tudo dentro do prazo. Não quero atrasos.
Quero dizer aos pais e as mães que controle de natalidade é preciso.
PAREM DE TER FILHOS.
Ai, quero dizer as pessoas que eu odeio criança,
Quero dizer que as pessoas são chatas. E cada vez ficam mais.
Quero poder sentir saudade de algumas pessoas,
e atenção: eu preciso mesmo sentir saudade delas,
antes que eu as aniquile da minha vida.
Eu quero paz, e isso significa remover tudo que eu odeio da minha vida.
Então senhores petulantes que perturbam em viver,
não ligarei para vocês,
não falarei quando passar na rua.
Não deixarei recado, não ficarei on-line.
Não tem piscadinha, não tem beijinho, não tem rapidinha.
Estou com vontade de chorar porque não tenho escolha,
estou convivendo com a intrépida companhia dos meus dilemas.
Estou convivendo com a extinção dos valores!
Estou convivendo com a droga da minha vontade de chorar!

sexta-feira, 18 de abril de 2008

O CONTEMPORÂNEO TEM MEDO DE SER CONTEMPORÂNEO


Não tenhamos medo! Não tenhamos medo de falarmos de nossas obsessões em público. Não tenhamos medo de interpretá-las. Não tenho medo. Não quero ter. Precisamos nos comunicar e dizermos o que achamos importante, da maneira que apreciamos e favoritamos(sic). Quero ver e assistir espetáculos híbridos, originais em argumentação estética. Quero ver emoção, por que ela será genuína. Quero transmitir a verdade que me faz parte, aos outros. A crítica não vai gostar. Os olhos críticos não gostam de ouvir a sua própria hipocrisia. Abaixo a arte demagoga, flácida e relaxada. Precisamos falar as coisas como nós ouvimos e da maneira que nos comunicamos. A poesia intrínseca.
Precisamos implodir os paradigmas e pragmas. Quero poder fazer arte pura e singela. Quero que meus atores entendam que esse é meu trabalho agora. É voar. Dentro dos nossos limites e limitações. Dentro de nossas expectativas, superá-las. Quero poder estar no palco e ter orgulho do que pratico, por saber que é ousado, autêntico. Nada é novo. Mas tudo pode ser autêntico, digno, responsável, cuidado. Tudo pode ser um ritual. Tudo pode ser uma exceção. O contemporâneo está com medo de ser contemporâneo e o moderno está ainda fazendo o seu. Acho que o contemporâneo é tão pós moderno que não impõe mais suas predileções, e impor é moderno. O que fazer? Faça arte. Mas faça arte. Agora eu entendo, o que me disseram na minha primeira direção. Fiquem calmos veteranos, já entendi. Estou começando a perceber o que é fazer teatro na e para contemporaneidade. Mas eu volto a falar disso...

terça-feira, 15 de abril de 2008

TRADIÇÃO TEATRAL?


Estou pesquisando arte performativa para meu trabalho de graduação, e me deparei com a questão do performer e o possível fim do contato artista/público. E o possível fim, da maneira como estamos acostumados, que é da tradição teatral. A platéia tem em seu campo de visão a janela da realidade traduzida pela interpretação de artistas (diretores, atores, dançarinos e músicos). Minha pergunta é: afinal se eliminamos este conceito, o teatro deixa de ter sentido? Afinal para que haja teatro é preciso de um atuante e de um espectador. Mas se esse espectador passa a fazer parte da encenação, não acabamos com a idéia do deleite? Arte então deixa de ser para o prazer do observador para ser a arte do atuante? Pudera. Bom, acho mesmo que essa idéia vanguardista(que não é mais vanguarda) um pouco radical. Concordo com a coisa de mexer no espaço, na disposição e na maneira, mas eliminar a função da platéia um pouco extremista e até niilista do ponto de vista que tenho. A Arte fica no plano de que? Pois sempre penso que a arte é para alguém, e esse alguém quer apenas aprecia-la porque não é artista. Se qualquer um puder fazer arte, então não existe mais a profissão do que atua nela? Porque exterminar o público? Ora, agradecemos as contrubuições dos performers das décadas de 50,60 e 70. Fluxus e outros. Agradecemos Duchamp, Pollock e outros precursores, mas o teatro com tudo que ele sofre ainda hoje, necessita de exterminar a sua única fonte de existência? Por quê? Porque eu acho que a arte contemporânea faz isso, extermina o que é o agora, para pensar no amanhã; e é um futuro inóspito para a arte, a arte contemporânea, como está nos livros sugere o fim. Mas será mesmo o fim da arte? Sinto muito em dizer, talvez, que continuo pensando no teatro para alguém, e para que alguns possam fazê-lo, reconheço uma estrutura funcional para isso. Acredito na organização hierárquica. Mas ainda sim acredito no poder da platéia, e que ela pode sim participar... Mas não acredito que ela possa encenar. Fazer parte da esfera. Deixem o público como público, pois se ele quisesse ser artista, não existiriam médicos, advogados ou garis. Acho que a arte deve ser feita por quem deve ser feita, acho que a gente deve respeito ao templo teatral, se sua melhor idéia não cabe num palco pseudo-italiano leve para fora da caixa, faça na parede de um prédio, não importa, mas faça, para que pessoas vejam, para que pessoas experimentem uma catarse, uma emoção estética. Ofereça as pessoas o que elas querem ou o que elas não gostem de ver. Mas ofereça. Não entregue sua única fonte de vida e de vivacidade para que pessoas o façam para apenas “participar”. Talvez eu esteja ainda sendo moderno. Mas respeito-me se assim for. Respeito a minha profissão. Acho que arte é para aqueles que conseguem criar conceito estético. Acho que arte é discurso poético, e acho que se nada der certo eu viro hippie.

terça-feira, 8 de abril de 2008

FRUTO


Gosto do fruto
Maduro, seco
da fruta verde,
De vez
Gosto do odor, gosto do ardor,
Da cor e principalmente do sabor
Que ao provar me faz pensar no pecado
De comer a fruta no pé, no chão
De pé, sem razão.
Gosto da fruta macho, da fruta fêmea
Não me importa a semente,
Gosto da carne, do sulco
do caroço, a mente...
Gosto da fruta doce, amarga, sem graça
Gosto da linda marca da pele do fruto
Da sua perfeição exata
Do prazer que exala
O deleite do meu paladar é degustar
De formas diferentes os frutos e frutas existentes
Senti-los fazer parte do meu corpo
Mesmo que desobedeça as ordens mais severas
Dos deuses , dos homens
Feliz é aquele que é livre
Que pode comer os frutos que bem entender.

domingo, 6 de abril de 2008

BILHETE DE DESPEDIDA



Alguns não devem lembrar de mim, mas há aqueles a quem eu devo um retratamento público. Muito poucos sabem que eu sei o que fiz, outros muitos não se importam. Mas para aquele que se lembrar faça valer meu esforço, meu remorso e entenda, que agora não há o que fazer, só posso pedir desculpa quando não liguei no dia seguinte. Desculpa para os que xinguei, se gozei e me vesti em seguida; para os que me tornei antipático e distante.
Minha pérfida arrogância. Perdoe-me quando não atendi o celular, ou disse que não podia sair... Sim, eu podia. Não queria ter sido cruel. Não queria machucar os feios que repeli, por favor me perdoem. Minha inacessibilidade, agressividade e minha falta de boa vontade. Desculpa meu jargão poético, meu vocabulário. Desculpa o meu cigarro. Sei que ele incomodava alguns, e os meus pulmões sabem disso. Ah, aos que ignorei sem motivo, àqueles que me tornei um déspota, desculpa se fiz pouco caso de sua excelente conduta. Desculpe achar que eu estava casado e não entender o seu pouco caso. Não foi por querer que eu não cedi aos teus estímulos. Me desculpa se chorei demais. Desculpem-me aqueles que assistiram meus ataques de euforia, os que presenciaram minha crise. Não quero que revidem a minha má fé. Me desculpem os que levei para cama e nunca mais falei. Aos meus amigos, peço desculpa por ter ficado com vocês, sei que pareceu que me aproveitei. Desculpa, meu computador, que serve de cupido. Desculpem-me aqueles por quem me apaixonei. Os que não soube perder, os que eu perdi sem dizer uma sequer palavra. Desculpem-me os que nada falei para amenizar a dor. Os que traí, aos que enrolei, aos que embebedei e usei. Desculpem-me quando descaradamente ou perfeitamente menti. Quando fui vil, torpe. Aos que não soube digerir, os que ensinei a dirigir, os que nunca mais vi. Minha frieza, grosserias e porcarias. Quando arrotei na mesa, quando olhei pelo retrovisor, quando magoei de propósito e sem querer. Desculpa meu teclado, que repetiu as mesmas palavras para todos vocês. Desculpa minha falta de coragem, minha loucura, minha armazenagem. Desculpa quando fui homem demais, e quando subverti as regras dos acordos que fiz. Desculpe-me por ter sido feliz. Por saber a verdade. Por saber mentir. Desculpe-me por eu sair e nem sequer deixar um bilhete.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

SETE




Tenho sete motivos
Sete pentelhos
sete radioativos interesses pelo teu corpo
tua boca
tua pele
teu cheiro
teu sexo
sete motivos inteiros dos meus motivos despedaçados em sete partes
cabeça, tronco, dois braços, duas pernas, o falo
em sete pecados
sete insumos
sete jocosos sentidos
tá eu sei, são cinco!
Mas precisa ter explicação?
Jogo fora e reparto em sete lixeiras
Escolhi sete caminhos
que sete respostas me fazem persistir
não há sete retornos
sete adornos de corpo, num sei
ora essa, meu deus,
sete imagens eu vejo e me limito a pensar em sete devaneios
sentença de morte setenta anos de cadeia em minha própria prisão setentrional
sete vinganças, sete matanças
sinto sede de sete
setembro são nove, menos dois:sete dá julho
se tentar dará sete de alguma forma
se tentarmos que dê certo, o sete certamente aparecerá
de todo, o sete... Ainda tenho setecentos motivos
que mesmo que de em sete a sete
diminuísse...
...o que sinto,
daria sete.

domingo, 30 de março de 2008

TODA A SORTE DE BOBAGENS




Engraçado, hoje , um dia atípico. Fiquei em casa à noite. Não costumo fazer isso. Sozinho, liguei minha tv, e assisti toda a sorte de bobagens. Foi ótimo. Sabe, teria uma noite muito improducente lá fora. Iria a boite, dançaria como ninguém, com minha melhor roupa e o meu tênis mais caro: um puma vermelho. Por falta de automóvel próprio, fiquei me casa, uma vez que meu pai fez uso do bem de consumo tão distante da minha realidade atual. Zapeando pelos canais, eu me encontrei, jogado no sofá vendo programas que refletiam quem eu queria ser, e como queria me vestir e ousar. Engraçado. Toda comédia romântica é um texto de auto-ajuda. Certamente. Tranquilamente eu vinha em meu quarto buscar um cigarro. Parte politicamente incorreta. Nessas idas e vindas achei meu prumo e tive milhares de idéias, uma delas já estou praticando, e é realmente jocoso o sorriso largo que estampo agora e o meu auto-convencimento que um dia tudo dará certo. Estou com uma idéia boa para escrever, sabe? Mas como solucionar os problemas técnicos? Aqueles problemas que os críticos sempre chamam minha atenção: cenário único, falta de movimentação dele, tempo rápido e time efusivo... Pois é meus colegas, os críticos terão que reclamar de novo, pois a idéia é fascinante, nada novo, é claro! Mas é potente. É o que eu gosto. É hilário e depressivo, é idiota e preciso. É raivoso e dramático, glamouroso e simpático. É puro carisma, ainda estou pensando no título... Mas já tenho as chaves principais... Terá gente maluca, gente normal, gente. É isso, gosto de falar das pessoas, dos tipos mais comuns, eu, você... Gosto do tema das crises existenciais e pessoais. Isso me afeta, sabe? Este texto não vou revisar, quero que ele tenha o impacto de não ser corrigido, estou falando desse agora que estão lendo, dessa bobagem postada num blog. Quero que vocês leiam e entendam minha crise de euforia. Às duas horas da manhã, quando nem a festa chata dos meus vizinhos me incomoda mais. Quando ônibus não circulam, quando na tv já não temos mais nada. Quero que vocês entendam que hoje é o primeiro passo para os outros dias, para os que virão. Para que passemos a escrever e ler sobre a gente, para que paremos de acreditar num sonho impossível, vamos viver as nossas possibilidades. Para que um futuro distante, se podemos viver um presente gostoso e dilacerante...???? Quero ver a mulher gorda de biquíni na praia, o magrelo de sunga como eu, quero ver a pancinha dos meus amigos enroscadas com aqueles cabelos sem aparar, quero ver as minhas amigas sem dietas loucas, quero ver cabelos sem escova e quero também poder mostrar que nada é regra. Viva as roupas que não podemos comprar, viva os shows que não podemos ir, os carros que não temos, viva o ingresso caro, viva para os bens que não podemos consumir, a casa que não temos, a cerca que não construímos, viva as viagens que não fizemos, viva o cabelo da Gisele, viva o rosto do Gianechini, viva as jóias da Hebe, os dentes da Xuxa, viva o Big Brother, viva a novela das oito, a lei de Murph... Viva o Superman, a revista playboy, a política, o “boa noite” do Willian Bonner, viva Roberto Carlos. Viva o meu alisante. Viva! Viva toda essa bobagem virtual. Viva a virtusiosidade esquecida pela idéia da imagem. Viva a imagem. Viva o meu computador. A minha dor... viva a “putakemepariu”, e as que não me pariram....Viva as castas, as puras... Viva os gays, os heteros, os escondidos, os depressivos... Viva esse mundo de merda.... Viva toda essa coisa que a gente chama de vida! Viva!

sábado, 29 de março de 2008

PAÍS DO CORAÇÃO

No país do coração, exílio é uma palavra constante e abrigo aos estrangeiros é uma determinação institucional! As coisas são muito difíceis nesse país... Tudo funciona numa certa escala de cor! Por exemplo: O Branco é o início de tudo... ausência total de vida...totalmente desabitado...Mas quando o morador chega...Tudo fica excitadamente vermelho, sangue!! A paixão está no ápice, pega -se fogo em tudo, até o ar é inflamável! Aí com o passar do tempo, a paixão pode ir deixando de ser a mesma...o maior sentido já vai passando do ponto... Tudo fica moderadamente rosa, se ainda houver aquele clima de paixonite, que já não é mais arrebatadora, mas ainda é algo que faz bem, que não machuca! Depois do rosa, a situação já começa a ficar complicada...Cobranças e impostos são exigidos ininterruptamente, os tons alaranjados dão um toque especial à decoração..eles intercalam sentimentos , dúvidas e difíceis emoções... A descoloração depende da poluição gerada pela sua razão, o destempero das cores também é desagravado pelo caráter e pela dignidade do inquilino! Quando chegamos aos tons semelhantes ao vinho ou violeta o amor coagula, não respira mais, apenas vive caprichosamente, não age, não beija, não abraça! È aí então que ele fica marrom ou pra alguns casos piores, negro! O país do coração sofre seu big bang! Mais nada de bom habita este país morto, nenhuma reação calorosa é vista, nenhuma gentileza é feita! O país do coração faliu! Pediu ajuda do FMI! Está na bancarrota! Ai a maldita razão, pede licença e varre as cinzas deixadas pela guerra das cores, e depois constrói um coração limpinho, branco; pronto para mais uma guerra: A guerra do amor! Ainda pode acontecer de um amor qualquer, estacionar numa cor, ou o país do coração se reconstruir para o mesmo amor, mas a primeira intensidade de vermelho jamais será alcançada!

sexta-feira, 28 de março de 2008

RODA GIGANTE


O mundo girando por aí feito uma roda gigante, e eu aqui parado, sem poder fazer nada.

É como se eu tivesse fora do movimento da vida.

PARÊNTESIS



Acho que preciso olhar no olho
Com uma das mãos segurar a nuca, um largo sorriso de ambos
E ficar ali sorrindo por momento mínimo eterno
Sabe? Não, não sei.
Poder fazer o que for, mas voltar e fazer amor.
Ter alguém que possa confiar
Quem sabe até alguém por quem chorar,
Deus me livre.
Mas alguém me entende?
Amar incondicionalmente.
Quero viver a história que eu desenhar
poder gritar e dizer que eu amo
acordar e saber que é vontade do outro estar ali
poder fazer valer a vida
Querer bem.
Lealdade, fraternidade, justiça e fidelidade.
Quero apressar as coisas
fazer sexo, amor, o que for
poder fazer selvagem, romântico, alegre e reconciliador
Beijar, abraçar e querer bem.
Talvez eu queira chorar agora. Não, estou com um leve sorriso.
Um sorriso leve e melancólico
Um sorrido metódico, hipotético
Um sorriso.
Beijar quem se ama é inigualável
poder e precisar ser honesto e sincero.
ser funesto quando preciso.
ser amigo.
cuidar e cuidado.
deitar do lado.
esperar teu elogio
Quero esperar você vir merecendo um meu.
irritabilidade, quero problemas domésticos
ficar a vontade na sua presença
ir à sua casa e ficar com vergonha dos seus pais
sentir vergonha dos meus.
rir da sua cara
Quero que me faça raiva
que arranque minha roupa
Morda minha boca
Quero um poodle chamado Fozzie.
Jurar que meu erro não se repetirá e tentar cumprir.
Quero te fazer dormir
Quero odiar tua roupa
Quero mandar-lhe calar a boca
Sentir ciúme
Esperar você chegar
Quero e preciso esperar você chegar.
Quando for aparecer me avisa, por favor
Pra eu saber o perfume que devo usar.

O TEMPO NÃO PÁRA



o tempo não pára
o tempo não pára de passar
o tempo não pára, não pára...
não pára de passar em branco
ele não pensa, não reflete
o tempo não mede
o tempo não pára, não pára
ele atormenta, machuca
ele cutuca
o tempo não pára de passar batido
ardido, o tempo é metido
ponteiro, tic, tac,
tac, tac,digital
o tempo é fatal
o tempo não pára de agredir,
de guerrear, de chorar
o tempo não pára de enrugar
de assistir, de prever
o tempo não pára de roer
comer, beber, dormir
o tempo não perde
não pára, ele não pára
de ganhar, de gozar
o tempo precisa parar
precisa, precisa parar
o tempo precisa parar
pra eu parar de perder tempo
vendo o tempo passar.

terça-feira, 25 de março de 2008

ESTRANHEZA.




Há momentos em que nossa esperteza se esvai.
A tranqüilidade , tão corriqueira
Fica rara.
Minha atletibilidade com as palavras é exaurida
Fico gago
Fico mudo, não falo. Nada.
Nesses momentos me pergunto.
Mas não consigo responder,
Obviamente porque não tenho respostas, ou não quero sabê-las.
Ou simplesmente ignoro as fontes.
Minha oratória prescrita ao nascer
Foi esmagada
Maculada
Está sentada a direita de um pai todo poderoso,
O poderoso chefão. Mas é uma mulher...
E ela se chama razão.
Dessa forma, eu choro, e ainda sem palavras soluço;
De tanto chorar não consigo responder a maioria dos meus anseios
Divago mediante ao silêncio
Penso e cavalgo nas nuvens da inércia
Mantenho-me paralelo a tudo. A qualquer e todo barulho.
Qualquer ruído.
Minha senhora, que se chama emoção.
Me faz enlouquecer.
Pensar em alguém.
Friamente, inescrupulosamente ela me faz delirar...
Afunda-me
Me esconde... Não sei mais quem eu sou
Perdi o referencial.
Estou entre duas irmãs que o tempo todo disputam a atenção do filho.
Essas duas ordinárias
Que todo o dia me aparecem, que estão comigo todo o dia.
Que fazem tudo para me fazer alterar os fatos e fatores
Onde esqueço os parâmetros – das dores – das flores nunca recebidas
Perco o chão, me desintegra, me acaba,
Me eleva pro pior.
Me faz ficar vermelho, morrer de amores
Me faz sentir dor.
Me enganam com seus amores voláteis
Casos amáveis.
Fast – love(sic)
É isso, as duas abriram um drive thru
E a ignorância da minha alma
Faz com que eu seja
O único cliente.

Eu não sei se é errado ou certo
Não sei nada amanhã
Não sei se é você, não sei nem se mora em tua casa
Não sei se será num dia de chuva ou ao raiar do sol.
Não sei o porquê, não sei explicar como aconteceu.
Não sei se tenho direito
Se você perde uma chance
Não sei por que não podemos
Não sei por que quisemos
Só ainda não acredito,
Ainda não entra na minha cabeça.

O motivo.

domingo, 23 de março de 2008

DILEMA PEITORAL


É certo que o ser humano vive, em grande maioria, em função do seu estado emocional. Neste último feriado familiar, que falamos da paixão de cristo, passei sozinho, sem comer, fumando como um facínora elegante, nu e preguiçoso.
Minha casa tornou-se um cordão de isolamento, onde idéias palpitavam na mente querendo sair, todavia minha solidão e meu destempero emocional apareceram. Obtive então a certeza do que minha terapeuta disse em última consulta: “Leandro, tem certeza que você quer colocar sua vida baseada em suas emoções”?

A opção de colocar o meu pathos de lado para não sacrificar a minha possível produção é uma idéia geniosa, geniosa sim, afinal tudo que eu produzo é baseado a partir do meu descontrole emocional, e dele é que vem as idéias que eu presumo a excelência naquele momento. Se estou sozinho e triste, possivelmente barganharei escritos de comédia, ou quem sabe um drama clássico faria parte do meu leque de opções. Acredito que agora, e hoje. Meu emocional ainda não está em perfeito estado, mas ele já esteve? Neste fim de semana a idéia prática da minha vida era ser inconsequente e viver emoções fortes, a idéia não praticou a ação. Ou eu não tenha tido gana para respeitar minhas idéias, e estas ficaram apenas no mundo perfeito.
Assim, me coloco a pensar o que é ser um pós adolescente no mundo de hoje, e para mim isso é muito latente, tenho 24 anos, ainda faço faculdade e tenho problemas com meus pais. Ou seja, isso tudo de solidão?Como assim solidão? Que tipo? Por que? Não entendo, eu realmente hoje passei a me odiar, odiar o meu cabelo, minha voz, minhas roupas, meus sapatos, minha grafia e minha escrita, meu suor, meu hálito, minha imagem e minhas fotos. Muito embora eu não tenha mudado nenhuma dessas coisas odiosas eu entendi com esse ódio o quanto que eu perco tempo com meu emocional vadio e eloquente. Desse ódio retirei forças para fazer o que era preciso, e para fazer o que não era preciso também. De todo esse ódio resolvi ressurgir catarticamente para um novo patamar, o do que aceita o seu emocional, e o lixo que eu estou não deve interferir na minha vida social e profissional. O nosso lixo pessoal deve ficar com a gente, como pilhas e baterias não recicláveis. Nosso emocional é nosso lixo químico, infeccioso, perigoso e cruel.

Mas não seria do emocional que sairam músicas como "Beautiful", "Because of You" e Can't take that away from me. Essas belas canções são a prova que o lixo emocional serve para algo.

Não sei se algum dia conseguirei conforto para esse dilema peitoral, não sei se há saída para o feto não fecundado da tranquilidade orgânica e mental.
Sei e apenas sei que isso tem idas e vindas, encontros e desencontros, tem beijos, tem sarros, tem paixão. Eu sei que no fim das contas isso tudo tem haver com o diabo do coração vermelho: o amor.

FESTIVAL DE TEATRO FÉ E ARTE

Em 25 e 26 de Agosto houve um festival de Teatro em Vitória, que incrivelmente está na terceira edição. O evento dá-se pelo III Festival de Teatro Fé e Arte. E aconteceu no bom Teatro do Sesi. Promovem evangelização “através” da Arte, segundo os realizadores que por sua vez são os Jovens de Andorinhas Pregando o Amor de Cristo – JAPAC.

Com mais esta me canso. Canso-me absolutamente. Um cansaço sem fim.

Talvez concorde com meus amigos, talvez só haja uma solução, explodir! Explodir tudo. Realmente não devemos tentar deter ou difamar nenhum tipo de manifestação artística. Entretanto, minha consciência apita na direção que o Teatro é um templo pagão, então devemos realmente acreditar que louvarão ao deus ocidental lá? Acho que teatro evangelizador – argh -, bem no estilo da Contra Reforma, deveria ser feito em seus respectivos altares, e não se meter numa conduta postural que não faz parte de quem fala para dizimistas(sic).
O que me ocorre é que na pior das hipóteses, para que haja esse festival, se elimina um pouco do muito que já se perdeu em conceito artístico nesta cidade. O interessante é que para ocuparem essas datas em nome de Deus possivelmente alguém ficou sem pauta para apresentar, ou alguém ficou sem formatura (uma hipótese recorrente dos espaços locais), ou simplesmente algum produtor não pôde vender essa pauta a terceiros.
Banalizou-se toda a estrutura de trabalho de interpretação, direção, cenografia enfim todos os níveis do trabalho perante a ribalta.

O que aconteceu? Estamos num mundo onde nem ao menos os atores dão valor ao seu trabalho. Atuar virou uma questão decorar o texto. E infelizmente é uma verdade inexorável a qualquer desenvolvedor de trabalho, cabe ao orientador tentar desfazer milagrosamente essa longínqua rotina cinematográfica que ronda as cabeças dos atuais atores.


O teatro perdeu importância. Qualquer pessoa pode dizer que é ator. Aliás estamos numa época que até os decorebistas (sic) da “Malhação” são atores. Graziella Massafera é atriz, Cauã Raymond – Carlos Raimundo - é ator, o filho da Glória Pires em “Paraíso Tropical” é ator. E direção ainda é pior para quem conhece o que está acontecendo! “Meleka”, a que sofria de falsa bulimia do BBB1 agora dirigirá um espetáculo, as coisas tomaram rumos desinteressantes demais. Entendem a minha indignação? Estou indignado, mas deixo claro que este não é um arauto de revolta aos meus companheiros armados que irão às ruas para fazer seus idéias tomarem força civil e militar. Não. Deixo claro que escrevo essas laudas para que alguns poucos me entendam, e entendam a minha clausura e a hibernação de meu grupo.

Tudo virou palhaçada. As pessoas vestem-se de palhaços – com pernas de pau e aparatos de grande dificuldade técnica -, e dizem que estão fazendo clownaria. Pessoas copiam peças e se dizem diretores, atores repetem personagens e se dizem criadores. Me pergunto, onde a arte vai parar?

Pra mim, não me importa mais quem diz ou não. Acho que tudo deve ser feito! Todavia por quem busca o que faz. Por quem tenta refletir sobre o que faz. A quem merece ser feito.
Mas eu tenho uma resposta, eu acho que o teatro não pára. Nunca! Ele não vai parar. Haverá de ter alguém ou alguns que dêem uma guinada nisso tudo. Haverá alguém ou alguns que virão nos salvar, talvez seja Jesus no possível IV Festival Fé e Arte.

Creio que o Teatro tem uma saída. A de Emergência, a porta principal está lacrada pelo ego, pela imaturidade, não entendimento, precariedade, falência, burrice, falta de verdade, falta de criatividade. O Teatro está seco, totalmente seco e não é pelo ar condicionado não estar funcionando. A secura vem da falta de atores disciplinados, corretos, fortes, competentes, enfim. O teatro não possui cadeiras disponíveis porque inventaram que é “cult” e vanguarda levar a platéia pro palco, ou levar o ator para platéia, coisa já feita há mais de 100 anos.
O Teatro está mudo, porque pra ouvir o que os nossos atores tem a dizer é melhor ser surdo. O teatro está cego. Pois é realmente melhor não ver os cenários produzidos atualmente, que qualquer um pode pensá-lo, sem se preocupar com a luz, com o figurino, com a platéia, com o espaço, com os atores. Se o Teatro visse algo, cuspiria muitas coisas que vêm sendo colocado nele.
O Teatro não se mexe, e é óbvio, as pernas e braços dos atores não conseguem move-lo.
O Teatro não fala mais. Porque estão eliminando os ouvintes, então ele não pode mais conversar, não há mais diálogo, pois os atores vivem uma crise existencial e acham que nada devem ouvir principalmente do templo.
O teatro pode estar com isso tudo, mas ele não morreu.
O Teatro deve ser feito. Muito embora deva ser respeitado. O teatro deve ser verborrágico, atlético, bobalhão, sério, culto, ignorante...Cada um com seu cada qual.
Grupos que não apresentam nenhum trabalho de pesquisa individual ao menos, e que não possuem nenhum tipo de adequação a uma sistematização ou organização do teatro como trabalho intelectual. Não estou falando que todos nós devemos montar coisas caretas, ou profundas ou ditas com conteúdo. Aliás, expressão maldita, se você tem um objeto de arte, seja ele qual for, ele tem um conteúdo, na matemática o que não tem nada dentro ainda é um conjunto, só que vazio. Estou dizendo que realmente a coisa está preta para quem deseja se profissionalizar em teatro. Se já existe festival para o que há de pior em encenação contemporânea, a meu ver. O que será para os meus ou seus filhos quando ouvirem sobre memória afetiva, ou emoção estética daqui há 5 ou 10 anos?
O Teatro vive seu fim e seu ressurgimento banal como tudo na pós-modernidade. Que nada mais evidente que haverá um fim para que haja um recomeço. E tomara que esse fim venha logo, ou que Jesus apareça entre as nuvens e diga que o teatro absolutamente deverá voltar a sua forma original ou quem sabe faze-lo à contemplação de um senhor e de seus servos para celebrarem o Deus da “sacanagem” e do vinho. No caso romano, Baco.o, mas ele nncial e acham que nada devem ouvir principalmente do templo. contemplaçua forma original ou quem sabe ser feito a lo monte das oliveiras essa redoma cine divindade atrelada automaticamente a orgia, a vinha e a alegria. Ora chamado de Dionísio, na Grécia, o berço de nossa civilização.

RESTRIÇÃO REAL SOBRE A ARTE

Da forma de pensar até agir. Se quisermos chegar a algum lugar com arte, ela deve ser pura. Pura, mas não no sentido bíblico.
Puro em teor. De certa forma, agir, nos parâmetros atuais torna-se complicado quando pensamos nas possibilidades que cada localidade te oferece.
Mas e o pensar? Acredito que a arte hoje passa por um problema senão o maior deles. O cumulativo causado pela falta de estrutura, de crédito, de parcerias, de fomento, etc; ainda piora quando me deparo com o ego dos artistas. E falo deles de uma forma geral, falo de nós. O artista deve parar imediatamente de pensar que pode fazer algo sozinho, com sua única vontade. Deve parar de achar que sua mente é o supra-sumo de qualquer verdade e parafrasear suas certezas em exibições públicas que não convencem nada ou ninguém além dele mesmo.
O artista contemporâneo deve entender que não existe poder transformador da arte. A arte é o algo importante mais inútil que conheço. Isso significa que não tenho convicção que me leve a entender arte como algo imprescindível a um ser humano. Não acho que ninguém dependa de arte. ARTE É PRAZER! E assim, nem todos precisam ter prazer, e nem todos querem senti-lo. As pessoas são diferentes, assim como seus desejos e suas vontades. Quando falamos em emoção estética, falamos que aquele (o espectador) sentiu algo que ele não pode explicar, ele apenas sentiu um prazer que seus sentidos o mostraram. E ele fica confortado e confortável com aquilo.
Mas arte não é subsídio incondicional ao homem, quantas pessoas nascem, vivem e morrem sem um pingo de arte nas suas vidas? Arte não tem conceito a pré-senso. Ela não é alguma coisa. Arte não se descreve em poucas linhas. Arte não é simples e nem pode ser simplificada. Arte é prazer, mas não é uma terapia. Arte não é uma bobagem comercial, mas deve ser vendida em nosso sistema. Arte é um mercado de trabalho, mas não é uma operação burocrática. Arte é uma arte. Arte é um dilema. Arte não é nada e é tudo. Arte é um lema. Arte é apenas arte. E dessa forma não classifico cada tipo, linguagem da arte. E ela apenas revela conceitos dela. Que criou por intermédio do tempo e pela história.
Estou tentando escrever sobre o que tem me afetado nos últimos tempos, que é a incrível determinação do artista contemporâneo em achar que ele tem algum poder. Que ele pode fazer algo pra mudar o mundo, ora, isso não se trata de uma ONG, de uma OS. Estamos falando de artistas, de pessoas que atendem às suas vontades e representam seus anseios em objetos de arte, sejam eles quais forem: um livro, um quadro, um espetáculo, uma coreografia, etc; e que estes artistas pensam que suas obras vão mudar aquele indivíduo que apenas deve sentir prazer, e que apenas deseja isso.
Francamente, acho que os artistas voltaram-se às suas redomas virtuais, causadas pela sua grande e virtuosa criatividade e impedem que informações do mundo real cheguem até eles. E isso tudo tem muito haver com o que a arte tem dito e tem sido hoje em dia, por isso não tem sido cuidada, por isso não temos espaços, não temos estruturas dignas, por isso não temos organização. Porque o artista não trabalha mais para o deleite do público, para que eles (público) os odeie ou os ame. O artista trabalha para si. E para que ele possa “mudar” o mundo, porque ele se considera brilhante. Porque ele é um mutante cinematográfico, capaz de implantar desejo pela arte sem ser pelo prazer, sem cogitar juízo de valor.
Ignorando o senso crítico do espectador temos artistas contra artistas numa supressão da razão, na busca incessante da disputa pelo controle das mentes que jocosamente deverão seguir ou repensar a vida porque há um mestre escrevendo e dirigindo algumas coordenadas cênicas. Enquanto esses artistas entendem que teatro é uma maneira de consertar o mundo e o que está a sua volta, o público se cansa de anedotas chatas e sem tempero, e não consome arte. E outros artistas ainda dizem que o outro está errado, como se fosse de seu mérito julgar e fazer valer alguma restrição real sobre aquilo, repetindo a mesma bobagem “pseudoartística”. Acho que há um equívoco muito grande com meus colegas de trabalho e talvez comigo, acredito que vivemos num marasmo poético, numa míngua sem precedentes... Acredito que está tudo errado! Enquanto temos que entreter e agradar o público, enquanto temos que cuidar do lazer, do prazer das pessoas, estamos preocupados em causar coisas nelas que não depende de nós e do nosso trabalho, e não é nosso dever nem nossa salvação.
O teatro e todas as artes sofrem uma crise, e digo que tomemos cuidado. Se continuarmos assim a arte não existirá mais para o prazer e desfrute, a arte será um fardo jocoso e antipático. A arte será absolutamente esquecida, pois não sentirão mais o prazer, sua função, nela. –