domingo, 23 de março de 2008

FESTIVAL DE TEATRO FÉ E ARTE

Em 25 e 26 de Agosto houve um festival de Teatro em Vitória, que incrivelmente está na terceira edição. O evento dá-se pelo III Festival de Teatro Fé e Arte. E aconteceu no bom Teatro do Sesi. Promovem evangelização “através” da Arte, segundo os realizadores que por sua vez são os Jovens de Andorinhas Pregando o Amor de Cristo – JAPAC.

Com mais esta me canso. Canso-me absolutamente. Um cansaço sem fim.

Talvez concorde com meus amigos, talvez só haja uma solução, explodir! Explodir tudo. Realmente não devemos tentar deter ou difamar nenhum tipo de manifestação artística. Entretanto, minha consciência apita na direção que o Teatro é um templo pagão, então devemos realmente acreditar que louvarão ao deus ocidental lá? Acho que teatro evangelizador – argh -, bem no estilo da Contra Reforma, deveria ser feito em seus respectivos altares, e não se meter numa conduta postural que não faz parte de quem fala para dizimistas(sic).
O que me ocorre é que na pior das hipóteses, para que haja esse festival, se elimina um pouco do muito que já se perdeu em conceito artístico nesta cidade. O interessante é que para ocuparem essas datas em nome de Deus possivelmente alguém ficou sem pauta para apresentar, ou alguém ficou sem formatura (uma hipótese recorrente dos espaços locais), ou simplesmente algum produtor não pôde vender essa pauta a terceiros.
Banalizou-se toda a estrutura de trabalho de interpretação, direção, cenografia enfim todos os níveis do trabalho perante a ribalta.

O que aconteceu? Estamos num mundo onde nem ao menos os atores dão valor ao seu trabalho. Atuar virou uma questão decorar o texto. E infelizmente é uma verdade inexorável a qualquer desenvolvedor de trabalho, cabe ao orientador tentar desfazer milagrosamente essa longínqua rotina cinematográfica que ronda as cabeças dos atuais atores.


O teatro perdeu importância. Qualquer pessoa pode dizer que é ator. Aliás estamos numa época que até os decorebistas (sic) da “Malhação” são atores. Graziella Massafera é atriz, Cauã Raymond – Carlos Raimundo - é ator, o filho da Glória Pires em “Paraíso Tropical” é ator. E direção ainda é pior para quem conhece o que está acontecendo! “Meleka”, a que sofria de falsa bulimia do BBB1 agora dirigirá um espetáculo, as coisas tomaram rumos desinteressantes demais. Entendem a minha indignação? Estou indignado, mas deixo claro que este não é um arauto de revolta aos meus companheiros armados que irão às ruas para fazer seus idéias tomarem força civil e militar. Não. Deixo claro que escrevo essas laudas para que alguns poucos me entendam, e entendam a minha clausura e a hibernação de meu grupo.

Tudo virou palhaçada. As pessoas vestem-se de palhaços – com pernas de pau e aparatos de grande dificuldade técnica -, e dizem que estão fazendo clownaria. Pessoas copiam peças e se dizem diretores, atores repetem personagens e se dizem criadores. Me pergunto, onde a arte vai parar?

Pra mim, não me importa mais quem diz ou não. Acho que tudo deve ser feito! Todavia por quem busca o que faz. Por quem tenta refletir sobre o que faz. A quem merece ser feito.
Mas eu tenho uma resposta, eu acho que o teatro não pára. Nunca! Ele não vai parar. Haverá de ter alguém ou alguns que dêem uma guinada nisso tudo. Haverá alguém ou alguns que virão nos salvar, talvez seja Jesus no possível IV Festival Fé e Arte.

Creio que o Teatro tem uma saída. A de Emergência, a porta principal está lacrada pelo ego, pela imaturidade, não entendimento, precariedade, falência, burrice, falta de verdade, falta de criatividade. O Teatro está seco, totalmente seco e não é pelo ar condicionado não estar funcionando. A secura vem da falta de atores disciplinados, corretos, fortes, competentes, enfim. O teatro não possui cadeiras disponíveis porque inventaram que é “cult” e vanguarda levar a platéia pro palco, ou levar o ator para platéia, coisa já feita há mais de 100 anos.
O Teatro está mudo, porque pra ouvir o que os nossos atores tem a dizer é melhor ser surdo. O teatro está cego. Pois é realmente melhor não ver os cenários produzidos atualmente, que qualquer um pode pensá-lo, sem se preocupar com a luz, com o figurino, com a platéia, com o espaço, com os atores. Se o Teatro visse algo, cuspiria muitas coisas que vêm sendo colocado nele.
O Teatro não se mexe, e é óbvio, as pernas e braços dos atores não conseguem move-lo.
O Teatro não fala mais. Porque estão eliminando os ouvintes, então ele não pode mais conversar, não há mais diálogo, pois os atores vivem uma crise existencial e acham que nada devem ouvir principalmente do templo.
O teatro pode estar com isso tudo, mas ele não morreu.
O Teatro deve ser feito. Muito embora deva ser respeitado. O teatro deve ser verborrágico, atlético, bobalhão, sério, culto, ignorante...Cada um com seu cada qual.
Grupos que não apresentam nenhum trabalho de pesquisa individual ao menos, e que não possuem nenhum tipo de adequação a uma sistematização ou organização do teatro como trabalho intelectual. Não estou falando que todos nós devemos montar coisas caretas, ou profundas ou ditas com conteúdo. Aliás, expressão maldita, se você tem um objeto de arte, seja ele qual for, ele tem um conteúdo, na matemática o que não tem nada dentro ainda é um conjunto, só que vazio. Estou dizendo que realmente a coisa está preta para quem deseja se profissionalizar em teatro. Se já existe festival para o que há de pior em encenação contemporânea, a meu ver. O que será para os meus ou seus filhos quando ouvirem sobre memória afetiva, ou emoção estética daqui há 5 ou 10 anos?
O Teatro vive seu fim e seu ressurgimento banal como tudo na pós-modernidade. Que nada mais evidente que haverá um fim para que haja um recomeço. E tomara que esse fim venha logo, ou que Jesus apareça entre as nuvens e diga que o teatro absolutamente deverá voltar a sua forma original ou quem sabe faze-lo à contemplação de um senhor e de seus servos para celebrarem o Deus da “sacanagem” e do vinho. No caso romano, Baco.o, mas ele nncial e acham que nada devem ouvir principalmente do templo. contemplaçua forma original ou quem sabe ser feito a lo monte das oliveiras essa redoma cine divindade atrelada automaticamente a orgia, a vinha e a alegria. Ora chamado de Dionísio, na Grécia, o berço de nossa civilização.

3 comentários:

Mayara Ribeiro disse...
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Anônimo disse...

Leandro.
Só pra lembrar estamos na 7ª edição do Festival de teatro Fé e arte.

Que Deus te abençoe.

Leandro Bacellar disse...

Anônimo, devo me sentir alguém muito importante pra você? Afinal depois de três anos que escrevi sobre o que quer que tenha entendido, voltaste aqui para encher meu saco? Eu que sempre achei que não tinha leitores nesse espaço...


Se te ofendi, sinto muito, mas acho que seu Deus, prega o perdão.

Com tanto problema no mundo, eu tenho certeza que sou o menor dos seus problemas. Portanto seja uma pessoa normal e aceite a minha opinião, de três anos atrás, como aceito a sua de achar que estou errado.

Um forte abraço.