segunda-feira, 7 de julho de 2008

QUEM TEM RAZÃO ?


Quem tem? Você? Eu? Nós? A ONU? Os Direitos Humanos? Aproveitei a pergunta insólita de uma comunidade do programa de relacionamentos em rede, o orkut. Neste site a pergunta gira em torno das funções e obrigações do Diretor e Produtor de uma montagem teatral. Aqui neste espaço em que posso ter eu mesmo a autoridade eu expresso levantamento mais aprofundado e expansivo da questão! Ambíguo? Sim, bastante.

Discutir a razão de algo no meio artístico é algo sempre na moda. E na moda também temos discussões relacionadas a dislexia das respostas exatas: razão.

Penso muito acerca do que pensam atores, diretores, produtores e outros funcionais da caixa preta. Quem tem razão? É uma briga constante e madura. Artistas o tempo todo lidam com certezas de suas proponências(sic). É engraçado como o artista checa suas prioridades e as leva até últimas conseqüências. Todavia, acredito que na arte contemporânea e no Teatro propriamente dito, a razão é algo muito definido por quem lidera o processo criativo. E não é uma questão autoritária. Dentro do processo criativo de qualquer área com subordinados ou não, o criativo possui a rédea. Me desculpem os pensantes do planeta, muito embora eu ache que tem muita gente que esconde sua capacidade criativa, acredito que muitos não possuem algum gene propulsor da criação e que isso acaba por ficar fadado à alguns muitos seres humanos sofredores, talvez por possuírem tanto poder para manipular os conceitos estéticos disponíveis pela História da Arte.

No cubismo, Picasso elevou ao máximo o que fora uma invenção de George Braque. E que assim seja, ou não. Ora, se existe um Diretor de um trabalho e ele é quem toma as decisões, que ele seja respeitado. Se avaliarmos a questão mercadológica, quem tiver o dinheiro manda, assim a vencedora da copa de 98 foi a Nike, a Deusa da Vitória? Ou Zagallo e sua equipe apenas fracassaram?

Ainda acredito no poder do coletivo, mas haverá de ter um cálculo preciso do orientador do trabalho, para que as coisas não fujam do controle possível. E mais outras variantes: um processo criativo deve sofrer interferências de que nível? E até que momento? A realização de um trabalho com discurso poético, ainda depende de quem tem o dinheiro? Se assim for mandaria o mecenas procurar a mãe e eu tentaria dar conta do recado, quero dizer, do mercado.

É uma questão muito complicada essa. Pois os atores querem ter uma supra-razão, pois são os que dão vida. O produtor é quem dá o subsídio. Os técnicos dão o piso e o teto. O Diretor: o correto, o plástico, o esgotamento das possibilidades. Não seria um conjunto, em que cada um se respeita e que faz o seu como seu cada qual?Utopia? Farto de teorias estou. Não existe uma fórmula para razão. Não existe sequer uma única razão. Um objeto de arte seja de qual for o gênero, possui variadas razões. Variadas maneiras em que o criativo define conforme sua revelia. Ou sua grande e inexorável idéia.

Certo. Aonde quero chegar? Quero chegar no ponto da paixão. Quero ver apaixonados, mas não doentes de amor. Quero ver artistas lutando pela boa execução do seu trabalho, seja ele qual for. Cada profissional deve saber o que deve ser feito, deve saber de sua importância artística e funcional. Deve saber sua história, deve ter parâmetros consensuais, deve ter ética, deve ter fomento, garra e ternura com seu trabalho. O ator e o resto devem conceber o limiar da forma que dele é gerado pelo criativo. O ator é criativo? Absolutamente. Mas quem lhe dá o dispositivo? Quem o insere no contexto? Quem o define para que ele possa criar? Se o ator, ou o técnico não dispuserem de um caminho no que daria uma montagem qualquer sem saber por onde andar?

Concluo com mais perguntas do que respostas. Não sou o senhor da razão. Acredito que ninguém e todos têm razão. Acredito que razão ninguém precisa ter, todos devem ter sabedoria e inteligência. Acredito que o melhor possa ser feito. Acredito em cessão e adesão. Em imposição. Acredito na discussão, e na indisposição. No contrário. Acredito no retardado obscuro e no vanguardista burro. Acredito na poesia escatológica formada por um único e no melodrama desenvolvido por todos. Só não acredito mais em coisa pecadora e pecável tecnicamente. Não acredito em inverdades e inabilidades. Não acredito em sonhadores que querem chegar ao tubo projetor. Não acredito em sonhos. Acredito que num navio é preciso comandante.

2 comentários:

Anônimo disse...

ralho, que eu tô puxando o saco e o escambau. mas pô. tá muito bom Léo. "funcionais da caixa preta" ARRAZÔ!!!! BJU!

Anônimo disse...

e o negoço aqui comeu metade do comentário. hunft. a essência foi preservada. huehuehueh