sábado, 5 de junho de 2010

COM TONS DE VERMELHO MORTO


Sozinho.
Sozinho.
Sozinho.
Pudera eu não estar com a companhia da lágrima
Endurecida e viva
Perseguindo a boca numa constância terrível.
Educando o braço para que não manipule uma arma branca contra meu peito vermelho
Sujo de sangue morto
Coagulo todo o sentimento e choro.
Acordo mais um dia
Sozinho.
Escrevo.
Mortalmente duvido da minha notoriedade simbólica
Que ela sirva para a transfiguração do sentimento em verbo
Que ela possa em horas a mínima fração de alegria
Conforto.
Lazer da alma.
Isso é amor.
Arde, queima sem parar
Lateja
Pulsa
Fala
Almeja
Sonha
Gargalha
Nesse gargalo
Nessa torre alta
Nesse esplendor inglório
Pudera eu negar a companhia da lágrima
Quimera
Quisera eu fazer com que nada existisse e que estar aqui
Sozinho
Fosse apenas acaso.
Em vermelho fosco inacabado está o meu sangue
Numa pátina mal feita está minha pele,
Meus olhos têm o desenho de uma criança bêbada
O vermelho salta por todo o corpo
Sangra
Espirra, mancha
Vermnelho alaranjado
Vermelho cinza
Vermelho cobre
Vermelho ouro
Vermelho. Vermelho.
Minha alma sangra
em vários tons de vermelho
Morto.

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