Estou pesquisando arte performativa para meu trabalho de graduação, e me deparei com a questão do performer e o possível fim do contato artista/público. E o possível fim, da maneira como estamos acostumados, que é da tradição teatral. A platéia tem em seu campo de visão a janela da realidade traduzida pela interpretação de artistas (diretores, atores, dançarinos e músicos). Minha pergunta é: afinal se eliminamos este conceito, o teatro deixa de ter sentido? Afinal para que haja teatro é preciso de um atuante e de um espectador. Mas se esse espectador passa a fazer parte da encenação, não acabamos com a idéia do deleite? Arte então deixa de ser para o prazer do observador para ser a arte do atuante? Pudera. Bom, acho mesmo que essa idéia vanguardista(que não é mais vanguarda) um pouco radical. Concordo com a coisa de mexer no espaço, na disposição e na maneira, mas eliminar a função da platéia um pouco extremista e até niilista do ponto de vista que tenho. A Arte fica no plano de que? Pois sempre penso que a arte é para alguém, e esse alguém quer apenas aprecia-la porque não é artista. Se qualquer um puder fazer arte, então não existe mais a profissão do que atua nela? Porque exterminar o público? Ora, agradecemos as contrubuições dos performers das décadas de 50,60 e 70. Fluxus e outros. Agradecemos Duchamp, Pollock e outros precursores, mas o teatro com tudo que ele sofre ainda hoje, necessita de exterminar a sua única fonte de existência? Por quê? Porque eu acho que a arte contemporânea faz isso, extermina o que é o agora, para pensar no amanhã; e é um futuro inóspito para a arte, a arte contemporânea, como está nos livros sugere o fim. Mas será mesmo o fim da arte? Sinto muito em dizer, talvez, que continuo pensando no teatro para alguém, e para que alguns possam fazê-lo, reconheço uma estrutura funcional para isso. Acredito na organização hierárquica. Mas ainda sim acredito no poder da platéia, e que ela pode sim participar... Mas não acredito que ela possa encenar. Fazer parte da esfera. Deixem o público como público, pois se ele quisesse ser artista, não existiriam médicos, advogados ou garis. Acho que a arte deve ser feita por quem deve ser feita, acho que a gente deve respeito ao templo teatral, se sua melhor idéia não cabe num palco pseudo-italiano leve para fora da caixa, faça na parede de um prédio, não importa, mas faça, para que pessoas vejam, para que pessoas experimentem uma catarse, uma emoção estética. Ofereça as pessoas o que elas querem ou o que elas não gostem de ver. Mas ofereça. Não entregue sua única fonte de vida e de vivacidade para que pessoas o façam para apenas “participar”. Talvez eu esteja ainda sendo moderno. Mas respeito-me se assim for. Respeito a minha profissão. Acho que arte é para aqueles que conseguem criar conceito estético. Acho que arte é discurso poético, e acho que se nada der certo eu viro hippie.
terça-feira, 15 de abril de 2008
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Um comentário:
É possível sim!!! Veja um exemplo de teatro sem este conceito:
www.teatroparaalguem.com.br
Abraços!!!
Kao
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