sexta-feira, 27 de setembro de 2013

não há mais o que faça.
desisti.
desprezo-te
me deixei enganar
sua voz doce
sua possível calma
gestos de dama crível
lady verdade
exótica de certo
o certo.
não há o que eu possa fazer.
o fim foi cravado
não vejo você.
não falo.
o desejo morreu.
cinzas.
não há frase
movimento
ou gesto
que me diga
inacredito (sic) em você
desprezo-te
porque sabemos que
você também o faz.
chove
sem parar de doer
o barulho intermitente
venta
chacoalham as árvores
folhas despencam de seus diminutos galhos
florestas dobram-se
do olho pinga
sem parar de doer
vulcão efervescente
estremece o peito
lágrimas despencam por entre o rosto
pálpebras dobram
dói.
chove sem parar de doer.
dizer o indizível
o não dito
maldita hora
ah, o relógio
maltrata a gente
o tempo passa e fica curto
a gente senta,
olha,
escolhe,
faz hora
não age.
a gente assiste a tudo.
fazer o não factível
lembrar do irrealizável
porta bandeira sem escudo
mestre sala sem dama.
o tempo passa e fica escuro
a gente levanta,
come,
dorme,
faz hora
não age.
agentes que aguardam
a gente que deixou que fizessem
a gente que não fez o que devia
a gente que não quis brigar.
a gente que não disse o que deveria dizer.
mas era indizível.
todo dia é hoje
é dia de tudo
de tudo crer possível
de tudo ser bom
florir a vida
de tudo ser rosas, cravos e espinhas
de tudo ser esquina
todo dia é dia 
de ser quem quiser 
de tudo fazer
de fazer o que dá
todo dia é dia de dar beijo
abraço, apertão
todo dia é dia de bolar o dia
de sair boladão por aí
todo dia é dia de telha
de telhado
de caçador embriagado
todo dia é dia
todo o dia de hoje.