é tudo tão
seco
áspero
sem cor
tudo tão
cinza
cor de nada
sem vida
torto
é tudo tão
banal
bruto é.
segunda-feira, 24 de dezembro de 2012
e quando pensamos em deixar pra trás?
tudo.
não mover a cabeça.
promete não lamentar depois?
não reclamar?
não usar contra?
e quando pensamos em olhar adiante?
horizonte de expectativas.
não exitar em pisar com o pé direito.
dar o próximo passo.
procurar o novo
o arriscado
ousar
e quando resolvermos fazer poesia concreta
performance
bater laje?
e quando pensarmos em devolver?
dar o troco?
vingar-se.
e quando?
e quando não der pra deixar pra lá?
e quando não der pra ser diferente?
como faz?
promete?
é assim mesmo.
sábado, 8 de dezembro de 2012
tomorrow
um dia é certo que melhore
será?
Talvez melhore um pouco
talvez dê até pra notar
perceber
amar os pequenos momentos
coisas boas são tão raras
por que?
são preciosas, luminescentes
garbosas
as coisas boas acontecem
as vezes a gente nem vê
tapa os olhos
as vezes a gente nem sorri
chora.
essas coisas vem e vão
deixam saudade
volta e meia aparecem
completam
dão sentido a isso tudo
por isso
sempre haverá um dia
que tudo
melhore
pelo menos um pouco.
será?
Talvez melhore um pouco
talvez dê até pra notar
perceber
amar os pequenos momentos
coisas boas são tão raras
por que?
são preciosas, luminescentes
garbosas
as coisas boas acontecem
as vezes a gente nem vê
tapa os olhos
as vezes a gente nem sorri
chora.
essas coisas vem e vão
deixam saudade
volta e meia aparecem
completam
dão sentido a isso tudo
por isso
sempre haverá um dia
que tudo
melhore
pelo menos um pouco.
today
Há pouco tempo eu estava conversando com um amigo sobre
continuar a fazer teatro. E ele me disse com pouco pesar, satisfeito, que não
iria mais continuar. Ele que tem uma longa e preciosa carreira, lembrado pelos
seus feitos em sua praça. Disse que não continuaria porque não havia mais
porque nem pra quem.
Grandes questões levantadas numa pequena conversa ao
telefone. De fato, fazer teatro no século XXI deve corresponder automaticamente
a essa questão: pra quem?
Quem é esse público ávido por uma arte milenar que
atravessou dois mil e quinhentos anos? Quem é essa gente que deseja teatro? O
que esse povo deseja? Se são nossos colegas, porque nos pressionam tanto para
que seus gostos sejam priorizados? Fiquei reflexivo quanto ao questionamento,
pois eu não sei se sou capaz de desenvolver uma solução para a questão. Afinal,
faço teatro para quem? Meu público em Vitória, é jovem. Acostumado a uma serie
de divertimentos, onde o teatro é um extra, um bônus social, uma espécie de
primo pobre do cinema. Tem os amigos,
que são grande parte. Totalmente parciais, clamam por risadas, por mulheres
bonitas no palco, por obras espetaculares. Ainda é incrível que os amigos, quando
artistas querem uma obra completamente diferente da anterior, descoordenada da
sua linguagem artística definida por você ao longo do trabalho, em processo de
construção, talvez eu nem saiba qual é ela ainda. Quem são as outras pessoas,
admiro muito o público esporádico, que vai assistir somente o que lhe convém,
quando, pode e quando há estacionamento. Admiro porque ele é misterioso, segue
a orientação de sei lá o que e comparece à sala para uma exibição de qualquer
coisa ao vivo.
O grande porém é que
esta massa é pequena. Ela não comparece aos montes, porque o teatro para elas
não é mais interessante. As apresentações lotam algumas vezes, geralmente no
início da temporada ou no fim, e quase
sempre quando a entrada é franca.
O questionamento do meu amigo é muito válido, enfrentar
meses de ensaio, perrengues de toda a ordem e no fim, quem verá o resultado
daquilo? Quantitativamente e qualitativamente? Pra quem dedicar um pedaço do
que você acredita, senão para você mesmo? Pra quem enfrentar as duras críticas,
as fofocas, os desentendimentos, as brigas e os amores? Que orgulho é esse que
nos leva dar o nosso ponto de vista sobre algo, para ninguém , ou para poucas
pessoas. Sempre digo que o teatro passa por uma crise. E ele passa mesmo. Nesses
dez anos de trabalho me sinto um resistente desejando que minha plateia não
fique vazia. Desejando que algum órgão me financie. Desejando que no próximo a
perda financeira seja pelo menos recompensada por uma boa exposição midiática.
Afinal qual é o propósito de exibir um trabalho em que a plateia é fator
determinante, uma vez que esta prefere os gladiadores em ringue octogonal pela TV.
É assustador pensar que o teatro evoluiu até chegar ao linchamento
de sua viabilidade econômica.
Não é possível o retorno de bilheteria, fazemos teatro para
continuarmos fazendo. É o que nos move eu acho. É não parar. É não desistir.
Então porque? Acho que essa inquietação que estou tendo
hoje, faz parte de uma série de inquietações de 2012 em que não consegui pauta
para trabalhar. Para difundir o meu trabalho, para poder cobrar ingressos, e de
todos os editais que participei sei , talvez, que na maioria outros grupos
poderiam ter trabalhos bem mais relevantes.
Mas o que é relevante aqui? O que faz o teatro ser relevante? É a visão
do artista proponente? Ou é a plateia? O interesse do público não seria o que
define a importância da obra?
Eu estou em crise, comigo, com o teatro, com a arte. Com a
profusão de conhecimentos e desconhecimentos, estou numa crise boa, de aprendizado,
onde o novo está sendo surpreendente. Onde conhecer pessoas novas está me
ajudando a abandonar lentamente o passado e me apegar a um futuro de esperança.
De que coisas boas e novas estão a caminho. De que é possível fazer algo pelo
que eu acredito, e para quem eu acredito que vá gostar, para os que eu suponho
que vão compreender alguma coisa das imagens que eu quero exprimir.
Uma crise que me faz refletir todos os dias sobre o meu
papel nisso tudo, que dita a importância que eu quero ter, que o meu grupo deve
ter, a importância de ter um trabalho corente com a minha pesquisa , com o meu
entendimento sobre a arte. Não só a contemporânea. Ou com o que estamos
tentando fazer dela.
Mas que essa arte do nosso tempo, seja feliz, seja boa. E
que tenha alguém para assisti-la.
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