terça-feira, 15 de junho de 2010

eu quero que eles morram
que se internem
se alterem
percam tudo
inglória é o que desejo
quero a astúcia do fogo
quero que tenham fome, ardor, ardência, dor
quero perda dos dentes
do paladar
que não sintam odores
prazeres
desejo a carne, exposta, fétida
a ternura embriagada e torta dos outros
sarjeta
degradação
fedor
pele putrefacionada
quero o fim
para cada um deles que me desejam o mesmo.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

penso que
de todas coisas úteis à vida
a arrogância e a falsa supremacia
que qualquer ser carrega
a partir do que suponha que possua
a partir do que supõe que possa ser diante do mundo
deve descobrir que ele é uma pétala sensível de uma flor gigantesca
enorme
frondosa
repleta de fragmentos
e que ele é pequeno
mínimo
singelo
a faísca de seu ego
revelará seu feio
o seu podre
sua atividade imprime
sua incapacidade do segundo contato
destrói a vontade de outros
o encantamento cairá
as suas maiores porém menores qualidades
serão distraídas pela pervesidade do seu olhar estrelado
pelo seu ar engomado e polido
pela sua arquitetura falsamente dominante
pela sua vidraça embaçada
pela sua enorme altura brilhante.
Creio que a partir de hoje
sinto sua alma fétida
e posso te chamar de
cretino.

para M. M.

sábado, 5 de junho de 2010

COM TONS DE VERMELHO MORTO


Sozinho.
Sozinho.
Sozinho.
Pudera eu não estar com a companhia da lágrima
Endurecida e viva
Perseguindo a boca numa constância terrível.
Educando o braço para que não manipule uma arma branca contra meu peito vermelho
Sujo de sangue morto
Coagulo todo o sentimento e choro.
Acordo mais um dia
Sozinho.
Escrevo.
Mortalmente duvido da minha notoriedade simbólica
Que ela sirva para a transfiguração do sentimento em verbo
Que ela possa em horas a mínima fração de alegria
Conforto.
Lazer da alma.
Isso é amor.
Arde, queima sem parar
Lateja
Pulsa
Fala
Almeja
Sonha
Gargalha
Nesse gargalo
Nessa torre alta
Nesse esplendor inglório
Pudera eu negar a companhia da lágrima
Quimera
Quisera eu fazer com que nada existisse e que estar aqui
Sozinho
Fosse apenas acaso.
Em vermelho fosco inacabado está o meu sangue
Numa pátina mal feita está minha pele,
Meus olhos têm o desenho de uma criança bêbada
O vermelho salta por todo o corpo
Sangra
Espirra, mancha
Vermnelho alaranjado
Vermelho cinza
Vermelho cobre
Vermelho ouro
Vermelho. Vermelho.
Minha alma sangra
em vários tons de vermelho
Morto.

Como maças e escrevo bobagens


Não há nenhum dia
Não há mais
Não há uma maneira de tornar isso mais fácil
Aprazível
Não há uma maneira de olhar de canto na janela e desenhar numa folha branca o seu rosto
Não há nada que cale meu choro
Já tentei trazer sua voz,
Seu cheiro
Sua maneira de entortar o queixo pro lado direito quando interroga
Não há respeito.
Não há relógio que consiga marcar o tempo que já passou
Não há vento que sopre ao seu favor e traga o odor até mim.
Não há nenhum lápis, creon , carvão que desenhe o meu coração
Da maneira que ele é hoje, cinza , meio preto, com tons de vermelho morto.
Não há uma delicadeza no meu olhar, um sorriso pequeno
Tento cantar todo dia,
Engasgo
Flutuo
Os pensamentos são espessos, largos, esquisitos
Largo tudo que faço o tempo todo
Desfaço e faço malas
Como maçãs e escrevo...
Bobagens!

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Pelo Menos


te vi - tela

olhei ao telefone

fala virtual

quis e des-quis

voz agridoce

tom quase didático

cinza até

malandragem

boicota meu falar

me engasga

me evidencia

me desvela

sinto e des-sinto

é distante, eu sei

não importa talvez

me avisa

por/ com / você

eu até irei

mas primeiro

preciso te ver

a 2ª vez

pelo menos.

APETITE


Fome sinto

um abismo enorme

devorar você

por inteiro, pelo meio

sempre

as vezes

nunca dizer não

a língua subindo desde o joelho

pelo, pêlo

pelo corpo todo

o suor escorre

queima a frio

guloseima sem fim

molhada, vermelha

pulsante

tenra

amacio, bato

ponho uma venda

amarro

me delicio!

PRINCÍPIO DA ECONOMICIDADE III




1 - Loiro?




2 - Quase!




1 - Mais Perto?




2 - Gosta?




1 - É Grande!