domingo, 30 de março de 2008

TODA A SORTE DE BOBAGENS




Engraçado, hoje , um dia atípico. Fiquei em casa à noite. Não costumo fazer isso. Sozinho, liguei minha tv, e assisti toda a sorte de bobagens. Foi ótimo. Sabe, teria uma noite muito improducente lá fora. Iria a boite, dançaria como ninguém, com minha melhor roupa e o meu tênis mais caro: um puma vermelho. Por falta de automóvel próprio, fiquei me casa, uma vez que meu pai fez uso do bem de consumo tão distante da minha realidade atual. Zapeando pelos canais, eu me encontrei, jogado no sofá vendo programas que refletiam quem eu queria ser, e como queria me vestir e ousar. Engraçado. Toda comédia romântica é um texto de auto-ajuda. Certamente. Tranquilamente eu vinha em meu quarto buscar um cigarro. Parte politicamente incorreta. Nessas idas e vindas achei meu prumo e tive milhares de idéias, uma delas já estou praticando, e é realmente jocoso o sorriso largo que estampo agora e o meu auto-convencimento que um dia tudo dará certo. Estou com uma idéia boa para escrever, sabe? Mas como solucionar os problemas técnicos? Aqueles problemas que os críticos sempre chamam minha atenção: cenário único, falta de movimentação dele, tempo rápido e time efusivo... Pois é meus colegas, os críticos terão que reclamar de novo, pois a idéia é fascinante, nada novo, é claro! Mas é potente. É o que eu gosto. É hilário e depressivo, é idiota e preciso. É raivoso e dramático, glamouroso e simpático. É puro carisma, ainda estou pensando no título... Mas já tenho as chaves principais... Terá gente maluca, gente normal, gente. É isso, gosto de falar das pessoas, dos tipos mais comuns, eu, você... Gosto do tema das crises existenciais e pessoais. Isso me afeta, sabe? Este texto não vou revisar, quero que ele tenha o impacto de não ser corrigido, estou falando desse agora que estão lendo, dessa bobagem postada num blog. Quero que vocês leiam e entendam minha crise de euforia. Às duas horas da manhã, quando nem a festa chata dos meus vizinhos me incomoda mais. Quando ônibus não circulam, quando na tv já não temos mais nada. Quero que vocês entendam que hoje é o primeiro passo para os outros dias, para os que virão. Para que passemos a escrever e ler sobre a gente, para que paremos de acreditar num sonho impossível, vamos viver as nossas possibilidades. Para que um futuro distante, se podemos viver um presente gostoso e dilacerante...???? Quero ver a mulher gorda de biquíni na praia, o magrelo de sunga como eu, quero ver a pancinha dos meus amigos enroscadas com aqueles cabelos sem aparar, quero ver as minhas amigas sem dietas loucas, quero ver cabelos sem escova e quero também poder mostrar que nada é regra. Viva as roupas que não podemos comprar, viva os shows que não podemos ir, os carros que não temos, viva o ingresso caro, viva para os bens que não podemos consumir, a casa que não temos, a cerca que não construímos, viva as viagens que não fizemos, viva o cabelo da Gisele, viva o rosto do Gianechini, viva as jóias da Hebe, os dentes da Xuxa, viva o Big Brother, viva a novela das oito, a lei de Murph... Viva o Superman, a revista playboy, a política, o “boa noite” do Willian Bonner, viva Roberto Carlos. Viva o meu alisante. Viva! Viva toda essa bobagem virtual. Viva a virtusiosidade esquecida pela idéia da imagem. Viva a imagem. Viva o meu computador. A minha dor... viva a “putakemepariu”, e as que não me pariram....Viva as castas, as puras... Viva os gays, os heteros, os escondidos, os depressivos... Viva esse mundo de merda.... Viva toda essa coisa que a gente chama de vida! Viva!

sábado, 29 de março de 2008

PAÍS DO CORAÇÃO

No país do coração, exílio é uma palavra constante e abrigo aos estrangeiros é uma determinação institucional! As coisas são muito difíceis nesse país... Tudo funciona numa certa escala de cor! Por exemplo: O Branco é o início de tudo... ausência total de vida...totalmente desabitado...Mas quando o morador chega...Tudo fica excitadamente vermelho, sangue!! A paixão está no ápice, pega -se fogo em tudo, até o ar é inflamável! Aí com o passar do tempo, a paixão pode ir deixando de ser a mesma...o maior sentido já vai passando do ponto... Tudo fica moderadamente rosa, se ainda houver aquele clima de paixonite, que já não é mais arrebatadora, mas ainda é algo que faz bem, que não machuca! Depois do rosa, a situação já começa a ficar complicada...Cobranças e impostos são exigidos ininterruptamente, os tons alaranjados dão um toque especial à decoração..eles intercalam sentimentos , dúvidas e difíceis emoções... A descoloração depende da poluição gerada pela sua razão, o destempero das cores também é desagravado pelo caráter e pela dignidade do inquilino! Quando chegamos aos tons semelhantes ao vinho ou violeta o amor coagula, não respira mais, apenas vive caprichosamente, não age, não beija, não abraça! È aí então que ele fica marrom ou pra alguns casos piores, negro! O país do coração sofre seu big bang! Mais nada de bom habita este país morto, nenhuma reação calorosa é vista, nenhuma gentileza é feita! O país do coração faliu! Pediu ajuda do FMI! Está na bancarrota! Ai a maldita razão, pede licença e varre as cinzas deixadas pela guerra das cores, e depois constrói um coração limpinho, branco; pronto para mais uma guerra: A guerra do amor! Ainda pode acontecer de um amor qualquer, estacionar numa cor, ou o país do coração se reconstruir para o mesmo amor, mas a primeira intensidade de vermelho jamais será alcançada!

sexta-feira, 28 de março de 2008

RODA GIGANTE


O mundo girando por aí feito uma roda gigante, e eu aqui parado, sem poder fazer nada.

É como se eu tivesse fora do movimento da vida.

PARÊNTESIS



Acho que preciso olhar no olho
Com uma das mãos segurar a nuca, um largo sorriso de ambos
E ficar ali sorrindo por momento mínimo eterno
Sabe? Não, não sei.
Poder fazer o que for, mas voltar e fazer amor.
Ter alguém que possa confiar
Quem sabe até alguém por quem chorar,
Deus me livre.
Mas alguém me entende?
Amar incondicionalmente.
Quero viver a história que eu desenhar
poder gritar e dizer que eu amo
acordar e saber que é vontade do outro estar ali
poder fazer valer a vida
Querer bem.
Lealdade, fraternidade, justiça e fidelidade.
Quero apressar as coisas
fazer sexo, amor, o que for
poder fazer selvagem, romântico, alegre e reconciliador
Beijar, abraçar e querer bem.
Talvez eu queira chorar agora. Não, estou com um leve sorriso.
Um sorriso leve e melancólico
Um sorrido metódico, hipotético
Um sorriso.
Beijar quem se ama é inigualável
poder e precisar ser honesto e sincero.
ser funesto quando preciso.
ser amigo.
cuidar e cuidado.
deitar do lado.
esperar teu elogio
Quero esperar você vir merecendo um meu.
irritabilidade, quero problemas domésticos
ficar a vontade na sua presença
ir à sua casa e ficar com vergonha dos seus pais
sentir vergonha dos meus.
rir da sua cara
Quero que me faça raiva
que arranque minha roupa
Morda minha boca
Quero um poodle chamado Fozzie.
Jurar que meu erro não se repetirá e tentar cumprir.
Quero te fazer dormir
Quero odiar tua roupa
Quero mandar-lhe calar a boca
Sentir ciúme
Esperar você chegar
Quero e preciso esperar você chegar.
Quando for aparecer me avisa, por favor
Pra eu saber o perfume que devo usar.

O TEMPO NÃO PÁRA



o tempo não pára
o tempo não pára de passar
o tempo não pára, não pára...
não pára de passar em branco
ele não pensa, não reflete
o tempo não mede
o tempo não pára, não pára
ele atormenta, machuca
ele cutuca
o tempo não pára de passar batido
ardido, o tempo é metido
ponteiro, tic, tac,
tac, tac,digital
o tempo é fatal
o tempo não pára de agredir,
de guerrear, de chorar
o tempo não pára de enrugar
de assistir, de prever
o tempo não pára de roer
comer, beber, dormir
o tempo não perde
não pára, ele não pára
de ganhar, de gozar
o tempo precisa parar
precisa, precisa parar
o tempo precisa parar
pra eu parar de perder tempo
vendo o tempo passar.

terça-feira, 25 de março de 2008

ESTRANHEZA.




Há momentos em que nossa esperteza se esvai.
A tranqüilidade , tão corriqueira
Fica rara.
Minha atletibilidade com as palavras é exaurida
Fico gago
Fico mudo, não falo. Nada.
Nesses momentos me pergunto.
Mas não consigo responder,
Obviamente porque não tenho respostas, ou não quero sabê-las.
Ou simplesmente ignoro as fontes.
Minha oratória prescrita ao nascer
Foi esmagada
Maculada
Está sentada a direita de um pai todo poderoso,
O poderoso chefão. Mas é uma mulher...
E ela se chama razão.
Dessa forma, eu choro, e ainda sem palavras soluço;
De tanto chorar não consigo responder a maioria dos meus anseios
Divago mediante ao silêncio
Penso e cavalgo nas nuvens da inércia
Mantenho-me paralelo a tudo. A qualquer e todo barulho.
Qualquer ruído.
Minha senhora, que se chama emoção.
Me faz enlouquecer.
Pensar em alguém.
Friamente, inescrupulosamente ela me faz delirar...
Afunda-me
Me esconde... Não sei mais quem eu sou
Perdi o referencial.
Estou entre duas irmãs que o tempo todo disputam a atenção do filho.
Essas duas ordinárias
Que todo o dia me aparecem, que estão comigo todo o dia.
Que fazem tudo para me fazer alterar os fatos e fatores
Onde esqueço os parâmetros – das dores – das flores nunca recebidas
Perco o chão, me desintegra, me acaba,
Me eleva pro pior.
Me faz ficar vermelho, morrer de amores
Me faz sentir dor.
Me enganam com seus amores voláteis
Casos amáveis.
Fast – love(sic)
É isso, as duas abriram um drive thru
E a ignorância da minha alma
Faz com que eu seja
O único cliente.

Eu não sei se é errado ou certo
Não sei nada amanhã
Não sei se é você, não sei nem se mora em tua casa
Não sei se será num dia de chuva ou ao raiar do sol.
Não sei o porquê, não sei explicar como aconteceu.
Não sei se tenho direito
Se você perde uma chance
Não sei por que não podemos
Não sei por que quisemos
Só ainda não acredito,
Ainda não entra na minha cabeça.

O motivo.

domingo, 23 de março de 2008

DILEMA PEITORAL


É certo que o ser humano vive, em grande maioria, em função do seu estado emocional. Neste último feriado familiar, que falamos da paixão de cristo, passei sozinho, sem comer, fumando como um facínora elegante, nu e preguiçoso.
Minha casa tornou-se um cordão de isolamento, onde idéias palpitavam na mente querendo sair, todavia minha solidão e meu destempero emocional apareceram. Obtive então a certeza do que minha terapeuta disse em última consulta: “Leandro, tem certeza que você quer colocar sua vida baseada em suas emoções”?

A opção de colocar o meu pathos de lado para não sacrificar a minha possível produção é uma idéia geniosa, geniosa sim, afinal tudo que eu produzo é baseado a partir do meu descontrole emocional, e dele é que vem as idéias que eu presumo a excelência naquele momento. Se estou sozinho e triste, possivelmente barganharei escritos de comédia, ou quem sabe um drama clássico faria parte do meu leque de opções. Acredito que agora, e hoje. Meu emocional ainda não está em perfeito estado, mas ele já esteve? Neste fim de semana a idéia prática da minha vida era ser inconsequente e viver emoções fortes, a idéia não praticou a ação. Ou eu não tenha tido gana para respeitar minhas idéias, e estas ficaram apenas no mundo perfeito.
Assim, me coloco a pensar o que é ser um pós adolescente no mundo de hoje, e para mim isso é muito latente, tenho 24 anos, ainda faço faculdade e tenho problemas com meus pais. Ou seja, isso tudo de solidão?Como assim solidão? Que tipo? Por que? Não entendo, eu realmente hoje passei a me odiar, odiar o meu cabelo, minha voz, minhas roupas, meus sapatos, minha grafia e minha escrita, meu suor, meu hálito, minha imagem e minhas fotos. Muito embora eu não tenha mudado nenhuma dessas coisas odiosas eu entendi com esse ódio o quanto que eu perco tempo com meu emocional vadio e eloquente. Desse ódio retirei forças para fazer o que era preciso, e para fazer o que não era preciso também. De todo esse ódio resolvi ressurgir catarticamente para um novo patamar, o do que aceita o seu emocional, e o lixo que eu estou não deve interferir na minha vida social e profissional. O nosso lixo pessoal deve ficar com a gente, como pilhas e baterias não recicláveis. Nosso emocional é nosso lixo químico, infeccioso, perigoso e cruel.

Mas não seria do emocional que sairam músicas como "Beautiful", "Because of You" e Can't take that away from me. Essas belas canções são a prova que o lixo emocional serve para algo.

Não sei se algum dia conseguirei conforto para esse dilema peitoral, não sei se há saída para o feto não fecundado da tranquilidade orgânica e mental.
Sei e apenas sei que isso tem idas e vindas, encontros e desencontros, tem beijos, tem sarros, tem paixão. Eu sei que no fim das contas isso tudo tem haver com o diabo do coração vermelho: o amor.

FESTIVAL DE TEATRO FÉ E ARTE

Em 25 e 26 de Agosto houve um festival de Teatro em Vitória, que incrivelmente está na terceira edição. O evento dá-se pelo III Festival de Teatro Fé e Arte. E aconteceu no bom Teatro do Sesi. Promovem evangelização “através” da Arte, segundo os realizadores que por sua vez são os Jovens de Andorinhas Pregando o Amor de Cristo – JAPAC.

Com mais esta me canso. Canso-me absolutamente. Um cansaço sem fim.

Talvez concorde com meus amigos, talvez só haja uma solução, explodir! Explodir tudo. Realmente não devemos tentar deter ou difamar nenhum tipo de manifestação artística. Entretanto, minha consciência apita na direção que o Teatro é um templo pagão, então devemos realmente acreditar que louvarão ao deus ocidental lá? Acho que teatro evangelizador – argh -, bem no estilo da Contra Reforma, deveria ser feito em seus respectivos altares, e não se meter numa conduta postural que não faz parte de quem fala para dizimistas(sic).
O que me ocorre é que na pior das hipóteses, para que haja esse festival, se elimina um pouco do muito que já se perdeu em conceito artístico nesta cidade. O interessante é que para ocuparem essas datas em nome de Deus possivelmente alguém ficou sem pauta para apresentar, ou alguém ficou sem formatura (uma hipótese recorrente dos espaços locais), ou simplesmente algum produtor não pôde vender essa pauta a terceiros.
Banalizou-se toda a estrutura de trabalho de interpretação, direção, cenografia enfim todos os níveis do trabalho perante a ribalta.

O que aconteceu? Estamos num mundo onde nem ao menos os atores dão valor ao seu trabalho. Atuar virou uma questão decorar o texto. E infelizmente é uma verdade inexorável a qualquer desenvolvedor de trabalho, cabe ao orientador tentar desfazer milagrosamente essa longínqua rotina cinematográfica que ronda as cabeças dos atuais atores.


O teatro perdeu importância. Qualquer pessoa pode dizer que é ator. Aliás estamos numa época que até os decorebistas (sic) da “Malhação” são atores. Graziella Massafera é atriz, Cauã Raymond – Carlos Raimundo - é ator, o filho da Glória Pires em “Paraíso Tropical” é ator. E direção ainda é pior para quem conhece o que está acontecendo! “Meleka”, a que sofria de falsa bulimia do BBB1 agora dirigirá um espetáculo, as coisas tomaram rumos desinteressantes demais. Entendem a minha indignação? Estou indignado, mas deixo claro que este não é um arauto de revolta aos meus companheiros armados que irão às ruas para fazer seus idéias tomarem força civil e militar. Não. Deixo claro que escrevo essas laudas para que alguns poucos me entendam, e entendam a minha clausura e a hibernação de meu grupo.

Tudo virou palhaçada. As pessoas vestem-se de palhaços – com pernas de pau e aparatos de grande dificuldade técnica -, e dizem que estão fazendo clownaria. Pessoas copiam peças e se dizem diretores, atores repetem personagens e se dizem criadores. Me pergunto, onde a arte vai parar?

Pra mim, não me importa mais quem diz ou não. Acho que tudo deve ser feito! Todavia por quem busca o que faz. Por quem tenta refletir sobre o que faz. A quem merece ser feito.
Mas eu tenho uma resposta, eu acho que o teatro não pára. Nunca! Ele não vai parar. Haverá de ter alguém ou alguns que dêem uma guinada nisso tudo. Haverá alguém ou alguns que virão nos salvar, talvez seja Jesus no possível IV Festival Fé e Arte.

Creio que o Teatro tem uma saída. A de Emergência, a porta principal está lacrada pelo ego, pela imaturidade, não entendimento, precariedade, falência, burrice, falta de verdade, falta de criatividade. O Teatro está seco, totalmente seco e não é pelo ar condicionado não estar funcionando. A secura vem da falta de atores disciplinados, corretos, fortes, competentes, enfim. O teatro não possui cadeiras disponíveis porque inventaram que é “cult” e vanguarda levar a platéia pro palco, ou levar o ator para platéia, coisa já feita há mais de 100 anos.
O Teatro está mudo, porque pra ouvir o que os nossos atores tem a dizer é melhor ser surdo. O teatro está cego. Pois é realmente melhor não ver os cenários produzidos atualmente, que qualquer um pode pensá-lo, sem se preocupar com a luz, com o figurino, com a platéia, com o espaço, com os atores. Se o Teatro visse algo, cuspiria muitas coisas que vêm sendo colocado nele.
O Teatro não se mexe, e é óbvio, as pernas e braços dos atores não conseguem move-lo.
O Teatro não fala mais. Porque estão eliminando os ouvintes, então ele não pode mais conversar, não há mais diálogo, pois os atores vivem uma crise existencial e acham que nada devem ouvir principalmente do templo.
O teatro pode estar com isso tudo, mas ele não morreu.
O Teatro deve ser feito. Muito embora deva ser respeitado. O teatro deve ser verborrágico, atlético, bobalhão, sério, culto, ignorante...Cada um com seu cada qual.
Grupos que não apresentam nenhum trabalho de pesquisa individual ao menos, e que não possuem nenhum tipo de adequação a uma sistematização ou organização do teatro como trabalho intelectual. Não estou falando que todos nós devemos montar coisas caretas, ou profundas ou ditas com conteúdo. Aliás, expressão maldita, se você tem um objeto de arte, seja ele qual for, ele tem um conteúdo, na matemática o que não tem nada dentro ainda é um conjunto, só que vazio. Estou dizendo que realmente a coisa está preta para quem deseja se profissionalizar em teatro. Se já existe festival para o que há de pior em encenação contemporânea, a meu ver. O que será para os meus ou seus filhos quando ouvirem sobre memória afetiva, ou emoção estética daqui há 5 ou 10 anos?
O Teatro vive seu fim e seu ressurgimento banal como tudo na pós-modernidade. Que nada mais evidente que haverá um fim para que haja um recomeço. E tomara que esse fim venha logo, ou que Jesus apareça entre as nuvens e diga que o teatro absolutamente deverá voltar a sua forma original ou quem sabe faze-lo à contemplação de um senhor e de seus servos para celebrarem o Deus da “sacanagem” e do vinho. No caso romano, Baco.o, mas ele nncial e acham que nada devem ouvir principalmente do templo. contemplaçua forma original ou quem sabe ser feito a lo monte das oliveiras essa redoma cine divindade atrelada automaticamente a orgia, a vinha e a alegria. Ora chamado de Dionísio, na Grécia, o berço de nossa civilização.

RESTRIÇÃO REAL SOBRE A ARTE

Da forma de pensar até agir. Se quisermos chegar a algum lugar com arte, ela deve ser pura. Pura, mas não no sentido bíblico.
Puro em teor. De certa forma, agir, nos parâmetros atuais torna-se complicado quando pensamos nas possibilidades que cada localidade te oferece.
Mas e o pensar? Acredito que a arte hoje passa por um problema senão o maior deles. O cumulativo causado pela falta de estrutura, de crédito, de parcerias, de fomento, etc; ainda piora quando me deparo com o ego dos artistas. E falo deles de uma forma geral, falo de nós. O artista deve parar imediatamente de pensar que pode fazer algo sozinho, com sua única vontade. Deve parar de achar que sua mente é o supra-sumo de qualquer verdade e parafrasear suas certezas em exibições públicas que não convencem nada ou ninguém além dele mesmo.
O artista contemporâneo deve entender que não existe poder transformador da arte. A arte é o algo importante mais inútil que conheço. Isso significa que não tenho convicção que me leve a entender arte como algo imprescindível a um ser humano. Não acho que ninguém dependa de arte. ARTE É PRAZER! E assim, nem todos precisam ter prazer, e nem todos querem senti-lo. As pessoas são diferentes, assim como seus desejos e suas vontades. Quando falamos em emoção estética, falamos que aquele (o espectador) sentiu algo que ele não pode explicar, ele apenas sentiu um prazer que seus sentidos o mostraram. E ele fica confortado e confortável com aquilo.
Mas arte não é subsídio incondicional ao homem, quantas pessoas nascem, vivem e morrem sem um pingo de arte nas suas vidas? Arte não tem conceito a pré-senso. Ela não é alguma coisa. Arte não se descreve em poucas linhas. Arte não é simples e nem pode ser simplificada. Arte é prazer, mas não é uma terapia. Arte não é uma bobagem comercial, mas deve ser vendida em nosso sistema. Arte é um mercado de trabalho, mas não é uma operação burocrática. Arte é uma arte. Arte é um dilema. Arte não é nada e é tudo. Arte é um lema. Arte é apenas arte. E dessa forma não classifico cada tipo, linguagem da arte. E ela apenas revela conceitos dela. Que criou por intermédio do tempo e pela história.
Estou tentando escrever sobre o que tem me afetado nos últimos tempos, que é a incrível determinação do artista contemporâneo em achar que ele tem algum poder. Que ele pode fazer algo pra mudar o mundo, ora, isso não se trata de uma ONG, de uma OS. Estamos falando de artistas, de pessoas que atendem às suas vontades e representam seus anseios em objetos de arte, sejam eles quais forem: um livro, um quadro, um espetáculo, uma coreografia, etc; e que estes artistas pensam que suas obras vão mudar aquele indivíduo que apenas deve sentir prazer, e que apenas deseja isso.
Francamente, acho que os artistas voltaram-se às suas redomas virtuais, causadas pela sua grande e virtuosa criatividade e impedem que informações do mundo real cheguem até eles. E isso tudo tem muito haver com o que a arte tem dito e tem sido hoje em dia, por isso não tem sido cuidada, por isso não temos espaços, não temos estruturas dignas, por isso não temos organização. Porque o artista não trabalha mais para o deleite do público, para que eles (público) os odeie ou os ame. O artista trabalha para si. E para que ele possa “mudar” o mundo, porque ele se considera brilhante. Porque ele é um mutante cinematográfico, capaz de implantar desejo pela arte sem ser pelo prazer, sem cogitar juízo de valor.
Ignorando o senso crítico do espectador temos artistas contra artistas numa supressão da razão, na busca incessante da disputa pelo controle das mentes que jocosamente deverão seguir ou repensar a vida porque há um mestre escrevendo e dirigindo algumas coordenadas cênicas. Enquanto esses artistas entendem que teatro é uma maneira de consertar o mundo e o que está a sua volta, o público se cansa de anedotas chatas e sem tempero, e não consome arte. E outros artistas ainda dizem que o outro está errado, como se fosse de seu mérito julgar e fazer valer alguma restrição real sobre aquilo, repetindo a mesma bobagem “pseudoartística”. Acho que há um equívoco muito grande com meus colegas de trabalho e talvez comigo, acredito que vivemos num marasmo poético, numa míngua sem precedentes... Acredito que está tudo errado! Enquanto temos que entreter e agradar o público, enquanto temos que cuidar do lazer, do prazer das pessoas, estamos preocupados em causar coisas nelas que não depende de nós e do nosso trabalho, e não é nosso dever nem nossa salvação.
O teatro e todas as artes sofrem uma crise, e digo que tomemos cuidado. Se continuarmos assim a arte não existirá mais para o prazer e desfrute, a arte será um fardo jocoso e antipático. A arte será absolutamente esquecida, pois não sentirão mais o prazer, sua função, nela. –